Por Priscila Murr e Bruna Alvares
Edição: Letícia Negrello e Alice Lima
Artes: Ana Polena, Bruno Marchini, Isa Ciuneck, Luisa Balliana e Mavi Neri
Supervisão de criação: Naotake Fukushima
Cinco anos… e 1.826 dias inteiros para contar esta história. A Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica UFPR nasce de um sonho. Ou melhor, ela própria é o sonho materializado em forma de “Projeto de Extensão e de Desenvolvimento Institucional”. E, não só profissional: quem faz parte da AE compõe, continuadamente, uma grande família.
15 de setembro de 2023. Olhando em retrocesso, são 261 semanas de vida. Vida essa que se traduz não apenas pela popularização da divulgação científica, também pela aproximação, pelo vínculo. Uma existência baseada na multidisciplinaridade. Fato que se confirma em números: a Agência já vinculou, até hoje, 112 bolsistas de oito cursos de graduação (Artes Visuais, Comunicação Institucional, Design Gráfico, Jornalismo, Música, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Gestão da Informação) e três pós-graduações (Comunicação, Design e Gestão da Informação e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas). Grande parte desses estudantes está no mercado de trabalho ou na vida acadêmica em suas áreas.
Diferentes mídias, formatos e linguagens dão o tom de um processo focado na formação. Inserida nele, a produção de conteúdos busca incentivar a percepção crítica sobre ciência, a partir da interação entre a teoria e a prática com a sociedade, no cotidiano de cada pessoa.
NO COMEÇO, ERA…
“No começo, a gente não tinha espaço físico”, conta Patricia Goedert Melo, gerente de Desenvolvimento Institucional da AE. Com o passar do tempo, e com a entrada da professora Letícia Herrmann, que segue na Agência e, atualmente, participa do núcleo Planejamento, houve a necessidade de uma estrutura própria. A ideia visava à concepção de uma identidade ao projeto.
Integrar os 25 primeiros bolsistas seria o pontapé inicial para a criação de uma cultura que impera até hoje, passada, de geração em geração, entre todos os 112 “agenters”, nome carinhoso para quem já passou ou está na AE, como revela Patricia.
“Eu acho que conseguimos constituir uma cultura organizacional própria da Agência Escola. Porque até os recém-chegados falam as mesmas coisas que aqueles que já estão há mais tempo: sobre o acolhimento, união, orgulho do que fazem, sobre o pertencimento. Então, isso é bem interessante, porque é algo fomentado, cultivado, valorizado, mas que nunca foi imposto”, constata.
UMA IDEIA NA CABEÇA E: (RENOV)AÇÃO
A coordenadora geral da Agência Escola UFPR, Regiane Ribeiro, ocupa o cargo há cerca de quatro anos. A primeira gestão (2018-2019) foi da professora Kelly Prudencio. A criação da AE surge em meio a iniciativas embrionárias, com a ideia de implementar um projeto de formação e capacitação para se produzir conteúdo jornalístico e ciência. A proposta foi discutida com a atual gestão da UFPR, e o reitor Ricardo Marcelo Fonseca na ocasião acreditou no projeto e deu condições para que a ideia saísse do papel e se viabilizasse. “Aqui na UFPR, nós criamos a Agência Escola, que atua na divulgação científica e, ao fazer essa divulgação, coloca a universidade mais perto dos jovens e das pessoas que estão de fora. Isso eu considero como uma das tarefas mais importantes e urgentes que nós temos hoje como agentes da ciência e tecnologia”, ressalta o reitor.
“No papel, a gente tinha uma ideia muito bem desenhada, um projeto que foi bastante construído pela professora Kelly e pelo professor Rodrigo Botelho, mas, na prática, ninguém sabia como ia funcionar. O que mais me marca na memória é quando eu vejo o tamanho do projeto, como tem gente envolvida nele, como está todo mundo conectado com a mesma ideia”, conta Regiane.
Traduzindo a própria essência da AE, esse processo inicial foi de aprendizagem coletiva, gerando questões norteadoras para o amadurecimento da ideia: “o que a gente é?”, “pra que a gente está aqui?, “o que a gente vai fazer?”, como exemplifica Regiane. E, na passagem de 2020 para 2021, o cenário da Agência é redesenhado. “A gente emerge da pandemia, em 2021, com a possibilidade de renovar aquelas primeiras ideias. Então, o novo Plano de Trabalho já tem o caráter do que se vê hoje na atuação da AE”, explica.
Mesmo o período pandêmico da Covid-19 fortalece a Agência. A produção intensa de conteúdos, bem como as ações por tentativa e erro, abrem espaço de interlocução no campo da Comunicação Pública e no diálogo com a divulgação científica de outros grupos, não só da comunicação. “A gente fez muita coisa e, em 2022, amenizando a pandemia, a reforma estava pronta e ocupamos esse espaço atual”, lembra Regiane, citando a reestruturação física do Setor de Artes, Comunicação e Design (Sacod) da UFPR que possibilitou a composição do espaço físico da AE.
CIÊNCIA É MOVIMENTO
A grande missão da Agência é a divulgação científica, traduzir o conhecimento produzido pela Universidade para o entendimento de todos, por meio da produção de conteúdo em diferentes formatos, com a finalidade de aproximar a ciência e as pessoas. Por isso, desde o seu início até agora, a Agência já teve 18 produtos e ações. O podcast “Fala, Cientista!” foi um dos primeiros projetos dentro da AE. O produto consistia em uma conversa com pesquisadores para discutir suas trajetórias, abordando a relação cotidiana entre sociedade e ciência.
Já o “Pergunte aos Cientistas”, lançado em 2020, surge em meio a tantas informações falsas, as fake news, no contexto da pandemia de coronavírus. Dessa forma, o produto vem para esclarecer as dúvidas do público e, até hoje, já respondeu 379 perguntas, de 19 áreas do conhecimento, envolvendo 62 cientistas. Dois anos depois, estreou o “Ciência em Ponto”, com vídeos quinzenais, que, em um minuto, falam sobre diversos assuntos, englobando, majoritariamente, a ciência produzida na própria UFPR.
O lançamento mais recente foi o Bate-Pop AE, um vodcast (podcast em vídeo) com duração de até 1h30, que é multiplataforma. Abordando temas atuais, que mesclam ciência e cultura, traz dois convidados para o debate de ideias.
A Agência também produz boletins sonoros e outros conteúdos audiovisuais. Além disso, já publicou mais de 250 matérias, cerca de 260 vídeos de quase 40 áreas do conhecimento, envolvendo todos os setores e campi da Universidade.
E o trabalho de divulgação científica não para por aí! A AE também faz assessoria de imprensa sobre as pautas que levanta. Com essa atividade, possibilitou a publicação de mais de 200 matérias, em aproximadamente 35 veículos diferentes. Além de conteúdos em texto e audiovisual, cria materiais visuais, como infográficos relacionados a pesquisas e informações sobre ciência, feitos pelo núcleo de Design.
Para emergir no seu propósito, também já ultrapassou a publicação ou apresentação de 30 trabalhos científicos. Sendo reconhecida por isso, já se somam quatro premiações, entre elas o reconhecimento de produtos e de artigos. Nesse extenso checklist de tarefas, há ainda a realização de eventos e diversas ações em espaços da própria UFPR e em ambientes externos.
Toda essa imersão é respirada – e inspirada – por todos que compõem a Agência, aqueles que, diariamente, estão pensando nas melhores formas de divulgar a ciência, e isso é percebido pela gerente de Desenvolvimento Institucional, Patricia Melo.
“Eles mudam a percepção sobre o que é ciência e como divulgá-la, além da importância deles dentro desse processo. Muitos entram aqui sem nem saber direito o que é a ciência mesmo estando dentro de uma universidade pública e saem da AE mais críticos e com clareza de todo o processo que envolve a produção científica”, reflete.
O LEGADO QUE SE MANTÉM
A experiência dentro da AE impulsiona o desenvolvimento, especialmente dos bolsistas. O trabalho é a força motriz de construção do futuro. E a linha tênue entre o profissional e o pessoal simboliza um movimento conjunto de crescimento.
“Eu vejo a Agência como uma grande família! Aqui dentro, a gente acaba criando vínculos e, com isso, vai crescendo junto. Os bolsistas acompanham a evolução da AE e, dentro disso, a gente vê a evolução de cada um. Eu sou uma pessoa que evoluiu muito aqui. E também vejo isso neles. Eles entram de uma forma e saem de outra. Saem muito melhor”, declara Magena Oliveira, assistente administrativa da Agência Escola UFPR, que faz parte da equipe desde o início do projeto.
São muitas pessoas e memórias. O contato com os jovens desperta a curiosidade de Magena em relação às suas trajetórias, impulsionando a sua própria vivência. “Eu sempre gostei de conhecer as histórias das pessoas. E, aqui dentro, eu tenho essa oportunidade, de conhecer, de crescer, levar isso pra minha vida. Isso aqui abriu um campo muito grande pra eu enxergar as coisas de outra maneira”, garante.
O contexto de transformação, por sua vez, vai ao encontro da ideia de vínculo predominante na Agência ao longo dos anos. Além do ineditismo, por não haver, em outra universidade, um projeto como este, a Agência Escola se destaca tanto pelo volume de conteúdo quanto por ultrapassar a linha da técnica, promovendo a formação dos bolsistas de maneira integral.
“Claro que a gente tem o objetivo de produzir conteúdo, mas o verdadeiro propósito da Agência Escola é o processo de formação. A formação é muito importante. Por isso eu digo que o que mais me marca na memória é quando eu vejo o tamanho do projeto, como tem gente envolvida nele, como está todo mundo conectado com a mesma ideia”, resume a coordenadora geral da AE.
CAMPANHA 5 ANOS AE
Esta produção marca o início da Campanha Institucional em comemoração aos cinco anos da Agência Escola UFPR. Durante os três próximos meses, serão produzidos conteúdos em diferentes frentes, tanto para o site quanto para os canais do YouTube, Instagram, TikTok e Twitter.
Vem com a AE! Movimente o futuro. Inspire ciência.