fbpx

Notícias

Sinônimo de esforço coletivo, a divulgação científica contribui para melhorias e avanços na sociedade

Por Letícia Negrello e Priscila Murr
Edição: Alice Lima
Fotos: Arquivo AE

Ao contribuir para o acesso à informação científica de forma descomplicada, a Agência Escola UFPR reforça a ideia de que a ciência é coletiva, e não se faz sem trocas entre pesquisadores e sociedade. Nesses cinco anos de história, foram mais de 250 matérias jornalísticas no site da AE e da Universidade Federal do Paraná, mais de 260 vídeos publicados em diversas plataformas e muitas dessas produções com repercussão na imprensa, em veículos de abrangência regional a nacional, o que contribui para levar a ciência a todos.

A estratégia de divulgação científica da AE tem um processo cuidadoso. Cada pesquisa se adequa a um tipo de elaboração de conteúdo e de mídia — texto, áudio ou vídeo, por exemplo — de acordo com as suas características e com o público que busca conversar. Da saúde às humanidades, já são cerca de 40 áreas do conhecimento com suas temáticas popularizadas.

O retorno desse trabalho tem impactos sociais, como demonstram os envolvidos nos processos de execução da pesquisa e divulgação (bolsistas e cientistas). Confira as experiências de alguns deles nesta matéria, desde os materiais produzidos no contexto da pandemia de coronavírus, como o “Pergunte aos Cientistas”, passando por parcerias importantes, como a com o Jornal Plural, até às divulgações mais recentes, tal qual a pesquisa sobre o diagnóstico de esquizofrenia.

Tempo passado, tempo presente e rumo ao futuro

Muito acontece, e se transforma, em cinco anos: ciclos de vida na natureza, mandatos políticos, Copas do Mundo, avanços tecnológicos dos mais diversos. E do ano de surgimento da Agência Escola para cá, não foi diferente. Em 2020, a pandemia de Covid-19 fez com que o trabalho de divulgação científica feito na AE também se transformasse. O “Pergunte aos Cientistas” surgiu desse momento. Em meio à crise sanitária global, o projeto começou como uma iniciativa de diminuir as barreiras entre a sociedade e a ciência.

Dois anos depois, foram mais de 300 dúvidas respondidas sobre contaminação, uso de máscaras, vacinas, fake news, entre outros — e são diversos os impactos positivos alcançados. Emanuel Maltempi, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFPR, foi presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 da universidade e parceiro do Pergunte aos Cientistas.

 

“Durante a pandemia, a maioria de nós se sentiu impotente e sem capacidade de reação. Para mim, participar de algumas das ações que a UFPR desenvolveu, como fornecer informações de qualidade à população, me deu a sensação de estar fazendo algo para combater a pandemia”, ele relembra. “A pandemia pôs à prova a resiliência e capacidade da UFPR, e acho que se saiu muito bem considerando as condições que tínhamos”, completa.

 

Professor Emanuel Maltempi participou do Pergunte aos Cientistas. Foto: Reprodução RPC

Em 2023, a realidade e os desafios são diferentes. O professor comenta sobre o desenvolvimento da vacina da UFPR, que, mesmo não finalizado, foi extremamente importante para o desenvolvimento de novas linhas de pesquisa, conhecimentos e infraestrutura na universidade. Além disso, cita as mudanças climáticas como a ameaça que bate à porta e deve ser enfrentada com a mesma preocupação, ou até superior — realidade que hoje vem sendo pensada através do Novo Arranjo Pesquisa e Inovação Emergência Climática (Napi-EC), iniciativa da Fundação Araucária em parceria com a UFPR, da qual a Agência Escola faz parte.

Em outubro de 2022, o conteúdo que inaugurou a coluna da parceria com o Jornal Plural tratou de uma pesquisa de mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentável, da UFPR Litoral. A dissertação, de autoria de Erica Vicente Onofre, orientada e coorientada por Juliana Quadros e Natália Tavares de Azevedo, respectivamente, analisa como os grandes projetos de desenvolvimento de infraestrutura no litoral do Paraná avaliam seus impactos cumulativos, que afetam os territórios e comunidades locais.

Os responsáveis por esse trabalho de divulgação científica foram Bruno Caron, jornalista e mestre em Comunicação pela UFPR, e Christopher Hammerschmidt, doutorando em Design pela UFPR — ambos, hoje, ex-bolsistas da AE. Da parceria, Bruno destaca a importância de alcançar mais pessoas por meio do Plural. “Levar esse conhecimento de uma forma mais ampla, para o público que muitas vezes não convive no dia a dia com a ciência”, explica.

O editor do Plural, Rogerio Galindo, destaca a importância dessa parceria para popularizar a ciência. “Acho lindo o trabalho dos cientistas, dos pesquisadores, da universidade. E o Plural tem essa proposta de fazer com que esses trabalhos cheguem para o cidadão comum. Então a parceria com a Agência Escola, que faz exatamente essa ponte, fez todo o sentido. É uma parceria que me orgulha muito”.

Uma das características do material foi trazer, além do conteúdo jornalístico, um trabalho de ilustração. Christopher, responsável por essa criação, comenta sobre a importância dessa integração entre áreas. “Desenvolver uma ilustração como parte de um projeto de divulgação científica é uma responsabilidade, e exige que a representação visual seja precisa e acessível, além de ter um apelo estético também”, conta.

Ilustração do primeiro conteúdo da parceria com o Plural. Arte: Christopher Hammerschmidt/AE

A participação na ciência incentiva o exercício ativo da democracia, fazendo com que todo o ciclo de produção e divulgação seja enriquecedor para os que criam e para os que recebem as notícias. E o intermédio dos bolsistas, nesse sentido, amplia horizontes.

Chananda Buss, ex-bolsista da Agência Escola e estudante de Jornalismo da UFPR, fala sobre a construção do saber científico a partir da interação com o público. Ela relembra uma experiência durante a elaboração de um “Pergunte aos Cientistas” que ressalta o caráter coletivo da ciência.

 

“Uma vez, a gente foi até uma escola coletar perguntas dos alunos, sobre política e democracia, e foi a coisa mais linda do mundo! A gente conheceu melhor uma das alunas porque ela veio conversar depois, super animada, e deu um depoimento lindo. Esse momento de interação foi muito especial pra mim, foi muito marcante conversar com essa menina”, lembra.

 

Essa memória trazida pela bolsista é semelhante à citada pelo coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPR, Rafael Sampaio. Ele foi um dos pesquisadores convidados e relata a experiência na Escola Municipal Julia Amaral Di Lenna, em 2022.

 

“Já no começo, quando a gente fez apresentações de alguns temas, dava pra ver os olhinhos brilhando. Mas acho que a coisa mais marcante foi uma experiência logo depois, quando algumas alunas vieram para tirar mais dúvidas e uma fez um depoimento muito bonito, dizendo que, a partir dali, ela queria ser cientista”, lembra.

 

Pergunte aos Cientistas sobre política e democracia

O professor fala, ainda, sobre o potencial da divulgação científica, apontando para o impacto das pesquisas e para sua influência na sociedade. “Elas podem ter um efeito didático, educativo, podem abrir possibilidades, principalmente para as camadas mais carentes”, opina.

Ainda segundo o professor, o efeito prático mais imediato dessa visita é o de mostrar que a ciência política está mais perto da realidade do que se imagina. Isso coloca os estudantes em pleno exercício da cidadania e, dessa forma, há um incentivo à atuação democrática por parte dos estudantes.

 

“Momentos como esse incentivam não só a participação, mas ampliam o olhar dos jovens para as questões cotidianas, qualificando o debate. Porque basicamente todos os temas perpassam diretamente a ciência política. E esse campo é justamente o que busca estudar o sistema de maneira rigorosa. Então, eu acho muito importante que esse tipo de conexão seja feita com frequência”, destaca.

 

Outro exemplo recente é a pesquisa que demonstra a possibilidade do diagnóstico de esquizofrenia a partir de um exame oftalmológico, que foi ao ar em 2023. A descoberta foi divulgada nas redes sociais e no site da AE, e o conteúdo também foi enviado como sugestão de pauta à imprensa, sendo publicado em mais de dez portais de notícias e veiculado na televisão, pela RPC, afiliada da TV Globo em Curitiba. Ainda foi tema de uma radiorreportagem, a partir da parceria que a AE estabeleceu com a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), que disponibilizou o material para as suas cerca de 330 rádios associadas.

AERP realizou uma oficina com os bolsistas da Agência Escola UFPR

Os cientistas responsáveis pelo estudo falam da importância desse tipo de parceria, entre um projeto de divulgação científica vinculado a uma universidade pública e a sociedade. “Nós produzimos muita coisa legal no âmbito acadêmico e tornar as nossas pesquisas mais acessíveis, por meio da divulgação junto à Agência Escola, é de fundamental importância. Temos que manter essa parceria”, garante Raffael Massuda, médico psiquiatra e professor da UFPR.

Orientador da pesquisa, o professor ressalta, ainda, a importância de abordar a temática de forma simplificada. Segundo ele, o estudo traz uma perspectiva de melhorar a condição dos pacientes no futuro, mas a veiculação desse tipo de informação, de forma acessível, também contribui para o melhor entendimento do público e para a democratização do conhecimento.

 

“A esquizofrenia é, provavelmente, a doença que tem mais estigma na medicina. Quando a gente mostra, para a população em geral, que essa é uma doença como qualquer outra, certamente há uma melhor compreensão. E a divulgação traz um impacto enorme. Isso pode ser observado do ponto de vista coletivo, no sentido de explicar e exemplificar a doença, promovendo o entendimento à sociedade, e também sob a ótica institucional, com resultados positivos para a própria universidade, mostrando que a UFPR produz ciência de qualidade e com impacto na vida das pessoas”, finaliza.

 

Bastidores da matéria da RPC – professor Rafael Massuda sendo entrevistado pela repórter Ana Zimmerman (Foto: Priscila Murr/AE)

 

Um futuro delineado

O processo de produção dentro da AE vem sendo aprimorado ao longo dos anos. Todos os produtos passam por uma série de avaliações regulares, a fim de identificar possíveis necessidades de mudanças, acompanhando a evolução e o desenvolvimento tecnológico e social. Assim, a Agência Escola UFPR consolida sua representatividade frente ao cenário de divulgação científica. Conteúdos criativos, acessíveis e relevantes, reforçam o objetivo de aproximar a sociedade do universo científico, revelando as conexões do cotidiano e de nossas vidas com a ciência.

Mais lidas

Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

No Instagram

Esta mensagem de erro é visível apenas para administradores do WordPress

Erro: nenhum feed encontrado.

Vá para a página de configurações do Instagram Feed para criar um feed.

Curta!