Treinamentos em drones, Cartografia e aplicativos de campo buscam auxiliar gestão das Unidades de Conservação e aprimorar o trabalho em campo
Por Cecília Sizanoski
Fotos: Cecília Sizanoski
Parceria AE UFPR e Lageamb
Na manhã de 8 de julho, na Reserva Natural Guaricica, em Antonina, um grupo de servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) se reunia ao redor de um globo terrestre. A atividade, parte de um módulo sobre coordenadas geográficas, era o ponto de partida para compreender o uso de GPS e mapas, habilidades essenciais para quem atua no monitoramento ambiental. A cena foi um dos momentos das capacitações promovidas pelo projeto GeoLitoral, que têm levado novos recursos e metodologias ao trabalho das equipes da entidade no litoral do Paraná.

Desde abril de 2025, o GeoLitoral, coordenado pelo Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (Lageamb) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), está realizando três cursos voltados aos servidores do ICMBio: Uso de drones para monitoramento ambiental, Práticas em QField – aplicativo de campo e Cartografia básica aplicada. Cada temática terá três edições ao longo dos dois anos de execução do projeto. Os treinamentos realizados até agora aconteceram em diferentes cenários: no Campus Centro Politécnico da UFPR, em Curitiba; na Reserva Natural Guaricica, em Antonina; e na Reserva Salto Morato, em Guaraqueçaba.
Segundo a coordenadora do GeoLitoral, Laura Krama, todo o conteúdo dos cursos é pensado para se encaixar nas necessidades do ICMBio: “O intuito é adaptar as capacitações para o uso e dia a dia desses órgãos, que é muito focado no monitoramento ambiental. Assim, a equipe consegue aplicar técnicas de cartografia, uso de aplicativos de campo e operação de drones diretamente em suas atividades”, explica.
Para os participantes, a experiência já traz resultados concretos. “Hoje foi bem importante para a gente entender o planejamento dessa coleta de dados. Saber coletar de forma que gere informações úteis no futuro”, afirma a analista ambiental no Núcleo de Gestão Antonina-Guaraqueçaba, Shanna Bitencourt. Segundo ela, as capacitações também ajudam a organizar processos: “Todos passam a coletar dados da mesma forma, o que permite que a gente trate esses dados de forma integrada”.

No curso de drones, os participantes aprendem desde conceitos básicos de sensoriamento remoto e regras da legislação aeronáutica até técnicas de planejamento e execução de voos. Essas informações são aplicadas no mapeamento de áreas de difícil acesso, na medição de áreas degradadas e no acompanhamento de mudanças na cobertura vegetal.
Já a capacitação Práticas em QField apresenta o funcionamento do aplicativo de coleta de dados geoespaciais integrado ao QGIS, um software livre. O curso ensina como preparar os mapas no escritório, carregar camadas e atributos, e utilizá-los em campo para registrar pontos, linhas e áreas com precisão. Para o servidor Iohan Cavalcanti, que participou de todas as formações, esse módulo “facilitou muito o trabalho de escritório, pois poupa tempo e garante que os dados coletados no campo sejam integrados diretamente ao sistema de gestão”, explica.
A Cartografia básica aplicada fecha o ciclo com conceitos fundamentais de leitura e interpretação de mapas. O curso ensina a trabalhar com diferentes sistemas de coordenadas, calcular escalas, interpretar imagens de satélite e prepara os participantes para analisar criticamente as informações obtidas e transformá-las em produtos úteis para a gestão das unidades de conservação. “Não adianta nada ter um mapa se a gente não consegue interpretá-lo. Essa capacitação nos ajuda a entender melhor o nosso território e a atuar da melhor maneira possível”, resume Iohan.
Segundo Camile Lugarini, gestora do ICMBio nas unidades de Antonina e Guaraqueçaba, os treinamentos fortalecem o trabalho das equipes: “Queremos melhorar todas as partes do que a equipe faz, como começar a produzir ortomosaicos, aumentar o número de pilotos de drones e passar a montar planos de voo para eles”, ela avalia que as capacitações devem contribuir com todas essas atividades, “Estamos investindo em estruturação em todas as unidades de conservação e essas capacitações permitem que equipe se prepare para implementar isso”.
O GeoLitoral é organizador e executor de todas as capacitações e tem como objetivo garantir que o litoral paranaense seja monitorado com precisão e protegido com base em informações técnicas confiáveis. O financiamento do projeto vem do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), e algumas entidades são parceiras. O projeto também desenvolve um banco de dados geoespaciais, metodologias de mapeamento e ferramentas para aprimorar o monitoramento.