“Escolhi ajudar refugiados como eu”, diz venezuelano que estuda Psicologia na UFPR
26 de junho de 2024
Por Flávia Cé Steil
Fotos: Giovani Pereira Sella e Priscila Murr
Supervisão: Maíra Gioia
Rafael Alejandro Reina Brito deixou seu país natal aos 19 anos em busca de oportunidades no Brasil
“Todos vocês que tiveram que deixar suas pátrias, casas, famílias e amigos, podem vir até nós para matar um pouquinho a saudade”, é o que diz o portal da sala de número 28 do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade, em Curitiba. É lá onde ocorrem as ações de acolhida aos migrantes humanitários e refugiados na UFPR. Com aulas de português, computação, atendimento jurídico-administrativo, orientação psicológica e muito mais, a Sala 28, como é carinhosamente chamada, faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello (CSVM), uma cooperação entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e os centros universitários para garantir acesso a direitos e serviços no Brasil a pessoas refugiadas.
O refugiado Rafael Alejandro Reina Brito faz parte da Sala 28. Hoje estudante de psicologia, Rafael atravessou a fronteira entre a Venezuela e o Brasil em 2020 em busca de refúgio após o agravamento da crise econômica, política e humanitária em seu país. Ao entrar em território brasileiro pela Roraima, aos 19 anos, o migrante já buscava oportunidades de estudo. Contudo, a pandemia da Covid-19 atrasou o processo de documentação necessário e, sem registro oficial, Rafael teve que recorrer a empregos precários para sobreviver no novo país.
Foi só no final de 2021 que Rafael conseguiu realizar seus planos de seguir para a Região Sul e, em Curitiba, pôde emitir sua documentação de estrangeiro e aprender a Língua Portuguesa. O venezuelano viu uma oportunidade no Processo Seletivo da UFPR para Migrantes ou Refugiados.
“Para mim era um sonho. Saber que poderia entrar na universidade e ser acolhido como migrante”, expressa.
Hoje, como estudante de psicologia, Rafael acolhe migrantes na Sala 28. Atendimentos humanizados, compreensão às fortes emoções do processo migratório, escuta ativa e criação de políticas públicas fazem parte do suporte oferecido para facilitar a adaptação dos pacientes à nova realidade.
“É realmente motivador. Poder ajudar pessoas que passaram por dificuldades por serem migrantes é um dos motivos que me fez escolher a psicologia”, conta.
Rafael Alejandro Reina Brito deixou seu país natal aos 19 anos em busca de oportunidades no Brasil. Foto: Priscila Murr
Em junho, mês dos migrantes, Rafael participou do 1º Congresso Brasileiro de Psicologia e Migração, em Belo Horizonte. Seu trabalho “Reconhecimento e Pertencimento ao Laço Social: trajetória migratória e trajetória acadêmica de um migrante no Brasil” reúne sua experiência pessoal e de outros migrantes a respeito das dificuldades acadêmicas e sociais do processo de migração.
Semana do Migrante na UFPR
Celebrando a diversidade étnica, cultural e individual, e para evidenciar o “Dia Mundial do Refugiado” (20/06), bem como o “Dia do Imigrante” (25/06), o MOVE UFPR promove a “Semana do Migrante”, com o objetivo de reflexão sobre a importância da presença dos migrantes em nosso país. E a Agência Escola UFPR apresentou histórias daqueles que vieram para o Brasil a fim de recomeçar, ultrapassando as dificuldades enfrentadas em seu país de origem, e encontraram, na educação, todo o aconchego da Sala 28 da UFPR.
Sala 28 no prédio histórico da UFPR. Foto: Giovani Sella
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A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.