Por Bruna Marcela Alvares
Edição: Pedro Macedo
A 75ª Reunião Anual da SBPC na Universidade Federal do Paraná (UFPR) começou no último domingo (23) e segue até sexta-feira (29). O maior evento de divulgação científica da América Latina reúne, em Curitiba (PR), pesquisadores, cientistas, estudantes e profissionais de diversas áreas para discutir e divulgar os avanços científicos e tecnológicos no Brasil e no mundo.
A programação tem conferências, mesas-redondas e painéis, entre atividades presenciais e online. No primeiro, temas como mudanças climáticas, comunicação e tecnologia, educação básica, políticas de promoção de igualdade e saúde foram abordados.
Saúde, meio ambiente e Amazônia
Uma das primeiras conferências do dia foi “Que ciência construiu o SUS? Experiências qualitativas na construção do Sistema Único de Saúde”, apresentada pelo Dr. Deivisson Vianna Dantas dos Santos (UFPR) e tendo como conferencista a Drª. Rosana Teresa Onocko Campos (Unicamp). A discussão abordou como a ciência participa da construção de políticas públicas de saúde e destacou a importância da metodologia qualitativa para a busca de evidências que para embasar a implementação de “trabalhos e tipologias de serviços”, como aponta o pesquisador.
A conferência seguiu com a palestra da Dra. Rosana, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), que reforçou a relevância da pesquisa qualitativa para o desenvolvimento de políticas públicas. Para a pesquisadora, projetos e planos governamentais não são constituídos apenas pela ciência, mas muito pela dimensão política, de configurações sociais e culturais que fazem com que certos valores sejam aceitos em alguns lugares e não em outros. As políticas correspondem aos valores que atribuem a uma sociedade e por isso é importante que ela esteja no centro do debate, como o Sistema Único de Saúde. “ O SUS é possível e necessário e é condição da produção de equidade na sociedade brasileira”, concluiu a presidente da Abrasco.
No mesmo horário, foi realizada a conferência “Meio Ambiente, Direitos e Violência: as grandes infraestruturas da Amazônia”, apresentado por Cornelia Eckert (UFRGS) e pela conferencista e professora Sônia Magalhães (UFPA). Durante a atividade, o principal tema abordado foi o descompasso entre as perspectivas dos povos tradicionais e os estudos ambientais. Assim, as pesquisadoras discutiram como as infraestruturas implementadas atuam de forma violenta para a floresta, rios e população nativa.
Outras conferências que marcaram a programação foram:
- “Mudanças climáticas e cidades: tempo profundo e educação”, apresentado pela Dra. Rosely Aparecida Liguori Imbernon (USP) e tendo como conferencista o Dr. Rualdo Menegat (UFRGS);
- “Direitos da natureza e economia ecológica”, apresentado pela Teresa Meira (UC), que recebeu o pesquisador Roldan Muradian (UFF);
- “Compromissos para a igualdade de gênero e respeito à diversidade sexual”, coordenada pelos pesquisadores Camila Gonçalves de Mario (Ucam), Maria Carolina Martinez Andion (Udesc), Edgilson Tavares de Araújo (UFBA) e Verônica Marques (UNIT/AL).
Educação também foi pauta das mesas-redondas
A programação contou também com a mesa-redonda “A linguística vai à escola: diálogos e cooperação da Linguística com a Educação Básica”, apresentada por Vitor Hochsprung (UFSC). O cientista recebeu os pesquisadores Aquiles Tescari Neto (UNICAMP), Cilene Rodrigues (PUC RIO), Marcus Antonio Rezende Maia (UFRJ), Roberta Pires de Oliveira (UFSC) e Gabriel de Ávila Othero (UFRGS).
O grupo debateu ações de linguistas brasileiros que auxiliam professores da educação básica a compreender mecanismos desenvolvidos no processamento e na produção do português brasileiro, visando a melhora do ensino e aprendizagem.
Completando a programação do dia, ainda foram realizadas as mesas-redondas “Discutindo a formação de jovens cientistas nucleares”, coordenada por Thiago de Salazar e Fernandes (UFPE), que recebeu Daniel Perez Vieira (IPEN), Edson Ramos de Andrade (IME) e Ana Cláudia Camargo Miranda (Einsten). Outro destaque foi a mesa-redonda “O SNPG e seus impactos na historiografia”, conduzida por Wagner Geminiano dos Santos (UFOP) com os palestrantes Carlos Fico (UFRJ) e Marieta de Moraes Ferreira (FGV/RJ).
O que vem por aí?
Para o dia 25 (terça-feira), são esperadas as mesas-redondas “As barreiras para mulheres na ciência: como as estamos vencendo”, “Contribuições da psicologia para a agenda 2030”, o painel “A distância entre as leis e a vida cotidiana: povos indígenas e os 35 anos da Constituição Federal de 1988”, entre outras conferências, mesas e painéis.
Lembrando que você pode conferir toda a programação no site da SBPC na UFPR e também pelo do canal oficial no Youtube.