Com estandes interativos e protagonismo estudantil, evento vai além da escolha profissional e mostra que é possível trilhar uma trajetória científica em diversas áreas do conhecimento
Por Cecília Comin e João Vitor Corrêa
Fotos: João Vitor Corrêa
Edição: Priscila Murr
Supervisão: Maíra Gioia
A primeira edição da Feira de Profissões Universo UFPR recebeu mais de 120 mil visitantes, ao longo dos quatro dias de programação, no Centro de Eventos Positivo, localizado no Parque Barigui. Ao todo, 600 escolas estiveram presentes na mostra, sendo 62% delas instituições públicas. O evento apresentou os mais de cem cursos de graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) com foco não apenas nas possibilidades de atuação profissional, mas também na produção científica e tecnológica desenvolvida dentro da instituição.
Cada estande dos cursos apresentou, ao público, projetos, laboratórios e pesquisas desenvolvidos em suas áreas, por meio de pôsteres de divulgação científica, instalações e demonstrações interativas. A proposta era aproximar os estudantes do ensino regular da ciência produzida na universidade pública, valorizando o conhecimento acadêmico e as trajetórias possíveis dentro e fora da sala de aula, a partir do contato com alunos e professores dos cursos. Dessa maneira, quem está vislumbrando a trajetória do vestibular entende que, para além dos campos de atuação associados a cada formação, pode construir uma vida acadêmica e se tornar um cientista também, seja qual for a área do conhecimento escolhida.

O professor de Biologia Luiz Carlos Caetano, que leciona em um curso preparatório para vestibular, considera que a mostra é fundamental para que os alunos tenham conteúdo para uma escolha mais segura para o futuro acadêmico.
“Um evento assim ajuda o aluno a conhecer o leque de opções que ele vai enfrentar ao longo da sua carreira estudantil: se preparar, perceber quais são as profissões emergentes, quais são as profissões que ele teria mais afinidade vivendo na prática. Certamente, entender que a universidade pública é uma das instituições mais significativas em pesquisa, produção de conhecimento, formação de carreiras e de uma postura social, política, de engajamento em causas que ele julga importantes”, declara o docente.
Na exibição dos cursos da área da saúde, as demonstrações práticas de alguns procedimentos evidenciaram o impacto do ensino universitário no cotidiano. Em cursos como a Engenharia de Bioprocessos, curso de graduação relativamente recente na UFPR, uma pesquisa nele produzida foi o carro-chefe da troca com os estudantes. Além dos estandes por curso, a feira contou com espaços dedicados à ciência e à inovação, como os laboratórios da própria UFPR, que foram abertos ao público. Entre os destaques, estiveram o Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (Lageamb), o Laboratório de Análise de Minerais e Rochas (Lamir), o Laboratório de Imunogenética, o Laboratório de Análise de Combustíveis Automotivos (LACAUT) e os museus de Ciências Naturais (MCN) e Arqueologia e Etnologia (MAE).
Apesar de serem grupos institucionais, estimulados pela universidade a produzirem conhecimento científico, os laboratórios e museus também são integrados por bolsistas de graduação e pós-graduação, isto é, por alunos. O contato com eles é mais uma maneira de mostrar a quem está chegando que a formação vai muito além das aulas.
“Meu sonho desde criança sempre foi ser um cientista. Estou correndo atrás, mas hoje está bem divertido. Me abriu mais um leque de possibilidades que eu já era apaixonado, que é a Geologia, Física e Engenharia Química. Me deu ainda mais curiosidade, mesmo com um pouco de dúvida entre essas três áreas. Eu gosto muito de procurar sobre essas coisas, pesquisar tudo”, Arthur Buckoski, aluno do 2º ano do Ensino Médio em colégio público.
“É bem difícil ver algumas faculdades que providenciem isso para os estudantes, promover o conhecimento para várias profissões futuras. Eu queria fazer fisiculturismo, mas eu estou gostando bastante de algumas outras profissões que estou vendo aqui. A parte da tecnologia eu gostei bastante, e achei bem legal a participação aqui, a interação com a UFPR”, André Machado, aluno do 3º ano do Ensino Médio em escola pública.
“Trouxe minha filha pra conhecer todos os cursos […] para ela ter oportunidade de ver na prática, de conversar com o pessoal que já cursa, ou com os professores. O valor da Federal a gente já conhece, mas o evento é muito bom para mostrar a importância na vida dos universitários. Mostra bem os laboratórios, dá pra ter uma boa ideia do que a universidade oferece”, Alexandra Assumpção, mãe de vestibulanda.

A popularização da ciência também ganhou espaço por meio de experiências práticas que fascinaram os visitantes. O estande da Química foi um dos mais movimentados, com demonstrações usando nitrogênio líquido em alimentos, as “comidas geladas”, que despertaram curiosidade e encantamento. Já o estande da Educação Física promoveu uma atividade prática de equilíbrio corporal, aproximando os participantes dos estudos sobre o corpo humano e a biomecânica.
Outro sucesso entre o público foram os dois planetários instalados no evento, com uma programação variada, que incluía apresentações sobre o sistema solar e projeções astrológicas, despertando o interesse e a curiosidade do público pela astronomia. Um dos planetários pertencia ao campus Jandaia do Sul, e foi levado ao Universo UFPR como parte do projeto “Embarcando na Ciência”, do professor José Gabriel Vieira Neto.
O evento também mostrou que a universidade pública permite a experiência de mercado de trabalho. Um estande coletivo reuniu alunos de diversas empresas juniores, evidenciando o protagonismo estudantil em iniciativas empreendedoras.
A valorização do ensino superior público, gratuito e de qualidade foi um dos pilares nesse novo formato da tradicional Feira de Profissões. Por isso, além da UFPR, estiveram presentes instituições como Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Instituto Federal do Paraná (IFPR), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) e Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Em cada detalhe, a mostra desconstruiu a ideia de que a universidade é um mero centro de aprendizados necessários para atuar no mercado de trabalho. E, colocando inovação e tecnologia como protagonistas, provo aos estudantes a importância da ciência acadêmica no dia a dia e no desenvolvimento da pesquisa em todo o país, além de permitir que eles enxerguem a si mesmos dentro dessas produções.
O Universo UFPR encerrou sua primeira edição deixando um recado claro: a ciência produzida nas universidades públicas está viva, acessível e pronta para transformar o futuro de quem passa por seus corredores!