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Museus de história natural, projeto de música e coletivo de poesia itinerante conectam arte e ciência

Por Letícia Negrello
Edição: Alice Lima
Fotos: Leticia Negrello

“A Cultura está associada a todas as áreas da nossa vida. Cultura é tão essencial à sociedade quanto a educação, a saúde, a segurança. Cultura é um agente transformador”, é o que afirma Grazi Calazans, produtora cultural e fundadora do Cultura Algures, coletivo itinerante de mulheres artistas com a missão democratizar a cultura independente.

Em julho, o projeto, junto a várias outras iniciativas, esteve presente na 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que aconteceu na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Dentre diversos temas, a semana foi um momento de reflexão sobre a relação intrínseca entre arte e ciência, em mesas-redondas, conferências e também na SBPC Cultural, um dos eixos do evento.

Simultaneamente à programação científica, diversos espaços foram pensados para trazer destaque a expressões artísticas locais da cidade que sediou a reunião — neste ano, em Curitiba. Aconteceram atrações musicais, exposições de arte, oficinas, feira de economia popular, rodas de conversa, entre outras ações.

 

“A arte é a alma, a ciência é o corpo”

Sérgio Lucena Mendes, doutor em Ecologia e diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), durante a mesa-redonda “Museus Vivos na Floresta”, falou da importância da interatividade nos museus, principalmente com uso da tecnologia e de obras de arte.

 

Ele conta que, ao levar sua filha durante a montagem de uma exposição no museu onde trabalha, ela chegou em casa empolgada dizendo que tinha tomado suco de bromélia. “Eu falei assim: ‘como assim tomou suco de bromélia?’ E ela: ‘você não sabia que o abacaxi é uma bromélia?’”

 

“Aquilo fica na na memória, aquilo provoca a reflexão, você não esquece uma experiência como essa”, reforça o pesquisador. Sobre um tema semelhante, a mesa redonda “Arte e Ciência nos Museus de Ciência” também traz à tona essa discussão.

Ennio Candotti, físico, ex-presidente da SBPC e diretor do Museu da Amazônia (Musa) foi quem abriu a conversa. “Para mim, a arte é a alma, a ciência é o corpo”, ele afirma e fala sobre como as duas linguagens se complementam.

 

Daniela Franco Carvalho, bióloga com doutorado em Educação e coordenadora do Museu de Biodiversidade do Cerrado (MBC), apresenta um projeto realizado no museu durante a pandemia, chamado “Herança de Cinzas”.

Foram convidados 12 artistas plásticos para produzir obras livres e, a partir delas, feitas postagens nas redes sociais do museu com provocações e questionamentos sobre o planeta, o futuro e a sociedade.

“Quanto a obra de arte nos provoca a pensar dimensões que são estanques no campo científico?” é a reflexão que a palestrante traz durante a conversa. Segundo ela, em uma época tão desafiadora como o antropoceno, o museu é uma importante janela para que possamos pensar em conjunto.

Tudo é cultura

Uma grande variedade de apresentações, manifestações artísticas e oficinas trouxeram vida à Alameda Cultural, espaço com uma proposta democrática e sustentável da SBPC Cultural no Centro Politécnico da UFPR. Para Grazi Calazans, parte da organização cultural da SBPC, a presença de uma ação como essa em um evento científico é essencial.

Um poema em cada árvore, um varal de poesias interativo e uma caixinha de pequenos poemas foram algumas das ações do Cultura Algures na SBPC.

 

“Para quem trouxe essas ideias ‘da rua’, da arte dita marginal, ter esse espaço e reconhecimento no maior evento científico da América Latina dá uma sensação muito boa de missão sendo cumprida, de ocupar espaços que os artistas periféricos geralmente não ocupam”, destaca a produtora.

 

“Um poema em cada árvore”, ação do Cultura Algures na SBPC Cultural | Foto: Leticia Negrello

O coral do LABVOX, projeto de extensão de Música da UFPR, teve sua apresentação de estreia na SBPC Cultural. Viviane Kubo, professora do curso e coordenadora do projeto, conta que a iniciativa começou em agosto de 2022 como grupo de estudos em técnica vocal e, devido à grande adesão dos alunos e da comunidade, o coral iniciou em abril deste ano.

Gisele Mazeika, estudante de Música e parte da equipe pedagógica que conduz o coral, relata que o grupo incentiva a leitura de artigos científicos, o diálogo com conceitos da fonoaudiologia e fisiologia vocal e desenvolvimento de um papel de liderança, além dos laços que se formam entre os participantes.

Apresentação de estreia do Coral LABVOX, que aconteceu na SBPC na UFPR | Foto: Leticia Negrello

 

“Além da parte matemática na teoria musical, o LAVBOX trabalha muito a ciência da voz. Os membros da equipe pedagógica são incentivados a ler artigos científicos sobre técnica vocal. A importância de nos apresentarmos na SBPC é apresentar o resultado de nosso trabalho, que é muito artístico, mas, sem dúvidas, também muito científico”, ressalta.

 

Tanto o Grupo de Estudos em Técnica Vocal do LABVOX quanto o Grupo de Canto do Coral do LABVOX são abertos à comunidade. Os encontros são semanais no Departamento de Artes da UFPR, às quartas-feiras. O grupo de estudos inicia às 17h30 e vai até às 19h, e o coral vai das 19h às 20h30. Para mais informações sobre vagas e inscrições, acesse o Instagram do projeto.

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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