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Qual o papel da ciência na construção de políticas públicas de saúde?

Por Bruna Alvares
Edição: Priscila Murr e Pedro Macedo

A ciência tem um protagonismo essencial na construção de políticas públicas, especialmente quando se fala da área da saúde. Esse foi o tema discutido durante a 75º Reunião da SBPC, que aconteceu na Universidade Federal do Paraná. Um dos destaques foi a conferência da presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), Rosana Teresa Onocko Campos (Unicamp), que é médica e especialista em gestão hospitalar.

A pesquisadora destacou a importância da metodologia qualitativa para a busca de evidências que possam embasar a implementação de trabalhos e tipologias de serviços. Ou seja, para além dos números é necessário pensar as análises de fenômenos que impactam diretamente a população no âmbito social. A conferência foi mediada pelo médico psiquiatra e doutor em Saúde Coletiva Deivisson Vianna Dantas dos Santos, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A palestra inclina-se para o entendimento de como políticas públicas para a saúde são desenvolvidas, a exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas de saúde pública e universal do planeta. Para compreendê-las é importante reforçar uma metodologia de pesquisa qualitativa, que tenha o beneficiado do projeto, ou seja, o usuário, como foco principal da pesquisa.

“Precisamos defender estratégias dialógicas para entender as necessidades daquele que vem pedir ajuda”, explica Rosana. A cientista também defende a transparência no método para que a qualidade da pesquisa não seja comprometida, além da utilização de métodos de observação participante, vindos da Antropologia.

Um dos exemplos levantados é o Consultório de Rua, um projeto que ganhou força com pesquisas qualitativas dentro do SUS. A iniciativa atende a população em situação de rua e foi implementada em 2011, a partir de pesquisas com método de entrevista e observação participante baseado em experiências. Tal projeto é inspirado pelo trabalho de Antônio Nery Alves Filho, coordenador do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas da Universidade Federal da Bahia (CETAD), que idealizou um espaço clínico fora de um hospital por cinco anos, de 1999 a 2004, em Salvador.

Não só de ciência é constituída uma política pública. Parte dela vem da dimensão política, de configurações sociais e culturais que fazem com que certos valores sejam aceitos em alguns lugares e não em outros. E isso corresponde aos valores que se atribui uma sociedade.

 

“O SUS é possível e necessário e é condição da produção de equidade na sociedade brasileira”, conclui a conferencista.

 

 

A pesquisa qualitativa na área da saúde

A conferencista destaca a relevância de Wilhelm Dilthey, filósofo alemão reconhecido por definir as ciências sociais e defender um método empírico para um entendimento das ciências ideográficas. Ou seja, identifica a importância de uma pesquisa que dialogue com o objeto de análise. Isso porque uma das características desse tipo de estudo é a interpretação compreensiva dos contextos.

Ela também reforça a importância da transparência e clareza na descrição das pesquisas. Da mesma forma, a determinação da amostragem deve ser feita de forma consciente e intencional, trazendo a heterogeneidade do campo de interesse. 

Nesse sentido, a pesquisadora conclui a validade da pesquisa qualitativa, que pode ser obtida por meio de múltiplas técnicas de “coleta” de material, presença de vários pesquisadores, repetição da coleta e análises, bem como a reapresentação, aos sujeitos da pesquisa, dos dados interpretados.

Portanto, segundo a cientista, para embasar políticas públicas de saúde, é necessário enxergar o contexto de forma ampla, selecionar um objetivo e uma metodologia qualitativa interdisciplinar, que possibilita respostas empíricas para que o projeto possa, de fato, atender à população que necessita. 

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