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Pesquisadores da UFPR analisam desempenho da inteligência artificial na saúde

As ferramentas monitoram pacientes, geram dados que auxiliam as equipes médicas e ajudam a salvar vidas no Paraná #AgenciaEscolaUFPR

Por Bruno Caron
Edição: Maria Fernanda Mileski

Um computador programado com tecnologia de machine learning (aprendizado de máquina) para simular o aprendizado e o raciocínio humanos. A Inteligência Artificial (IA) é um recurso aplicado em várias profissões e na saúde tem gerado possibilidades interessantes, principalmente na análise de grandes quantidades de informações que são geradas a todo momento em hospitais e clínicas. O desempenho e a qualidade dos registros com a IA são os temas estudados por pesquisadores da área na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e aplicados em projetos, como a Laura, que já está contribuindo com o Sistema de Saúde de Curitiba e região.

Seja através da monitoração das condições do paciente ou pelos exames, os dados fazem parte da rotina dos profissionais de saúde. “Ao longo da minha vida quantos pacientes eu já atendi? Diversos. Daí que surge a necessidade de se desenvolver ferramentas informatizadas para processamento de grandes quantidades de dados. A maioria é baseada em modelos estatísticos, com apoio da informática de computadores e de processadores robustos, que fazem essas análises num tempo muito menor do que o cérebro humano”, explica Luciana Schleder Gonçalves, professora e pesquisadora no Departamento de Enfermagem da UFPR.

A Inteligência Artificial tem contribuído no sistema de saúde durante a pandemia da Covid-19. Imagens: Prefeitura de Curitiba

Com pesquisas na área de Gerenciamento de Serviços de Saúde e Informática em Enfermagem, não é de hoje a preocupação de Luciana com sistemas informatizados em saúde. Algo que a pesquisadora investiga é a qualidade dos registros realizados nessas plataformas.

Em muitos casos, os dados precisam da inserção humana na inteligência artificial e a qualidade do registro é fundamental para o monitoramento adequado do paciente. Na rotina de um hospital, o profissional atende diversas pessoas e o cuidado com o registro fica comprometido. “Se a gente tem um processo com os dados gerados cada vez mais automatizados, que não passe pelo ser humano, eu acredito que isso pode facilitar muito a qualidade. Toda vez que entra um componente humano pode existir o erro”, explica Luciana.

Essa qualidade no registro dos dados foi também a pesquisa de mestrado em Enfermagem da Maria Luiza de Medeiros Amaro, sob orientação da professora da UFPR. Luciana comenta que o objetivo foi avaliar os registros antes e depois da implantação de um sistema informatizado de alerta, a Laura.

Maria Luiza Amaro constatou durante a pesquisa que no período pós-implantação do sistema de alerta foram identificados resultados significativos quanto à diminuição do número de óbitos, aumento no tempo de internamento e aumento da média de verificação de sinais vitais por paciente.

“Quanto ao impacto nos registros, a gente não verificou muita diferença entre o período anterior e posterior à implantação e isso pode ter várias explicações. Principalmente que a ferramenta precisa que os profissionais de saúde insiram os dados o quanto antes. A gente percebeu que ela era subutilizada”, relata Luciana.

A pesquisadora destaca que não há problema com a ferramenta, mas sim na forma com que é inserida no fluxo de trabalho. “O processo de trabalho precisa incluir a ferramenta, para que não vire apenas mais uma e que os profissionais de saúde precisem se adaptar a ela. Em muitos locais não é assim que acontece”.

Laura

A Laura é uma inteligência artificial desenvolvida para atuar na área da saúde, monitorando a deterioração clínica do paciente para evitar a sepse, um quadro de infecção generalizada que pode ocorrer durante internações. Os fundadores da Laura, que criaram o projeto em Curitiba, são os desenvolvedores Jacson Fressatto, Cristian Rocha, Luiz Podzwato e o médico Hugo Manuel Paz Morales.

A ideia surgiu depois que Jacson perdeu sua filha recém-nascida, que não resistiu a uma sepse, e resolveu investir suas economias em um sistema inteligente que monitorasse com mais frequência a deterioração clínica dos pacientes. O nome “Laura” é uma homenagem à filha e uma forma de mantê-la viva.

O “algoritmo da vida”, como também é chamada a IA, teve início em 2010 depois do acontecimento traumático de Jacson e desde lá a Laura já ajudou a salvar mais de 24 mil vidas, reduziu em sete horas o tempo médio de internação por paciente e realizou mais de 10,7 milhões de atendimentos nas 43 instituições de saúde brasileiras onde está presente.

Hugo é médico infectologista no Complexo Hospital de Clínicas da UFPR e está desde o começo no projeto da Laura, trabalhando com as questões técnicas sobre medicina e saúde. Ele vê com bons olhos as pesquisas que são realizadas com base na Inteligência Artificial da Laura. “A empresa apoia abertamente a pesquisa científica. Inclusive, criamos uma empresa sem fins lucrativos, o Instituto Laura Fressatto, que tem como objetivo apoiar o SUS e fomentar pesquisas em tecnologia e saúde”.

Laura no SUS e a Covid-19

Os criadores querem que a Laura ajude a salvar vidas no sistema público de saúde, onde a IA pode ajudar nas rotinas dos profissionais do SUS. O robô já está presente em alguns hospitais, entre eles o Hospital de Clínicas da UFPR. Hugo, que faz parte da equipe da Laura e do HC, conseguiu fazer a ponte. “Eu escrevi um projeto para o Amigos do HC junto à enfermeira Flávia Adão e ele foi contemplado. Com isso, conseguimos implantar a Laura no HC”, explica Hugo.

Na capital paranaense, o sistema foi doado para a Prefeitura de Curitiba e o funcionamento é através de um chat com a Inteligência Artificial

A Laura também está em 12 municípios espalhados pelo país com a ferramenta de Pronto Atendimento Digital, para monitorar e fazer a triagem de pacientes com suspeita de Covid-19. Com a IA voltada para atender os casos durante a pandemia, é possível identificar os sintomas do paciente e monitorar o número de infectados.

Na capital paranaense, o sistema foi doado para a Prefeitura de Curitiba e pode ser acessado por WhatsApp (41-9876-2903) e nos sites da Prefeitura e da Secretaria Municipal da Saúde. O funcionamento é através de um chat com a IA que coleta informações e esclarece dúvidas sobre a doença com base nos protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS). Em caso de identificação de sintomas graves da Covid-19, a Laura encaminha a pessoa para atendimento (via telefone ou videoconferência) com a Secretaria Municipal da Saúde.

Foto destaque: Blog Laura/Divulgação

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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