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Conexão UFPR: Pós-graduação e extensão transformam ensino e pesquisa em ações à comunidade 

Projetos de Matemática e Estatística superam o desafio de fazer a sociedade enxergar o potencial inspirador da Universidade 

 

Por Gabriel Costa 

Fotos: arquivo pessoal e reprodução 

Supervisão: Maíra Gioia

 

De 20 a 24 de outubro, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) realiza mais uma edição da Semana Integrada de Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe) – um dos principais eventos acadêmicos da instituição, que em 2025 chega com novidade: o 1º Evento de Pesquisa e Extensão da Pós-graduação (EPEx-PG). A programação reúne centenas de projetos, apresentações e debates que revelam o papel transformador da universidade pública.

Mais do que um encontro entre pesquisadores, a Siepe funciona como uma grande vitrine da produção científica e social da UFPR – um espaço onde o conhecimento se mostra em movimento, vivo e acessível. Já o EPEx-PG é realizado em três campi: Curitiba, Palotina e Matinhos com a apresentação de 130, quatro e duas pesquisas em andamento, respectivamente (veja a programação abaixo). Nesta primeira reportagem da série Conexão UFPR, o foco está em um dos eixos que mais traduz esse espírito: as ações que levam o saber acadêmico de forma criativa e envolvente para a comunidade.

 

Matematicativa

 

A professora Paula Rogéria Lima Couto, do Departamento de Matemática, coordena o projeto Matemáticativa, criado em 2017. A iniciativa nasceu de uma preocupação simples, mas essencial: a queda no interesse dos jovens pela matemática. A solução encontrada foi transformar a disciplina – muitas vezes vista como abstrata – em uma experiência concreta, divertida e interativa.

 

Paula Rogéria Lima Couto / Foto: Reprodução

“Queríamos mostrar um outro lado da matemática, uma matemática prazerosa”, explica Paula. “Nas nossas visitas às escolas, os alunos resolvem problemas sem perceber que estão fazendo contas. É um jogo, é desafio, é raciocínio lógico”, afirma a professora.

 

O projeto leva exposições itinerantes para escolas públicas e particulares, com jogos, quebra-cabeças e materiais como o tangram, um conjunto de peças geométricas que estimula o raciocínio espacial. A proposta é que os estudantes manipulem esses objetos, resolvam desafios e, ao mesmo tempo, conheçam a universidade pública e suas oportunidades.

O resultado é duplo: os alunos das escolas descobrem que a matemática pode ser encantadora, e os estudantes da UFPR que participam do projeto fortalecem sua vocação docente.

 

“Tem aluno que diz: ‘vou continuar no curso porque adoro participar do projeto’. Isso ajuda na permanência e forma professores mais apaixonados”, conta Paula.

 

Atividade realizada no Colégio Roberto Langer Júnior / Foto: Reprodução Instagram

O Matematicativa será apresentado durante a 16ª Siepe no dia 24/10, entre 8h e 12h, no Centro Politécnico, no prédio do curso de Engenharia Química (sala EQ11).

A experiência também reverbera na Pós-graduação. Paula é professora do mestrado profissional em Matemática em Rede Nacional (Profimat) e relata que a filosofia do Matematicativa inspira pesquisas e produtos educacionais desenvolvidos por seus orientandos – como jogos didáticos e atividades que tornam o ensino mais envolvente.

 

“De alguma forma, as ideias do projeto acabam refletindo nas pesquisas que fazemos”, afirma a professora.

 

Recentemente, o Matematicativa deu origem a um livro escrito por 14 professoras do Departamento, que destaca a trajetória de mulheres na área e busca inspirar meninas a seguirem carreira científica. O lançamento está marcado para novembro, durante a Jornada de Matemática, Matemática Aplicada e Educação Matemática (J3M) no Centro Politécnico da UFPR.

 

Parte da equipe do Matematiicativa / Foto: Reprodução Instagram

Estatística e Ciência de Dados no cotidiano

 

Já no curso de Estatística, a professora Sílvia Emiko Shimakura coordena um projeto de letramento estatístico voltado à comunidade, o Estatística e Ciência de Dados no cotidiano. A proposta surgiu com a reformulação curricular de 2023, quando todos os cursos da UFPR passaram a incluir atividades de extensão. O desafio era grande: o curso funciona à noite e a maioria dos alunos trabalha durante o dia.

 

Silvia Emiko Shimakura / Foto: Reprodução Lattes

“Pensamos: como fazer extensão em um curso noturno? A ideia foi aproveitar o que sabemos fazer de melhor – traduzir a estatística para quem está fora da universidade”, explica Sílvia.

 

As ações incluem mini cursos de análise de dados em R – que é o uso da linguagem de programação R e ambiente de software voltado para computação estatística e gráficos para realizar tarefas -, e oficinas lúdicas com jogos e cartas que ensinam conceitos de probabilidade e lógica. Tudo com linguagem simples e acessível, voltada especialmente a estudantes do ensino médio.

O maior obstáculo, conta a professora, é chegar ao público externo. Ela chama a atenção para a necessidade da Comunicação Pública da Ciência. “As nossas redes ainda falam muito para dentro da Universidade. O desafio é fazer com que a sociedade veja o que fazemos e por que isso é importante.” Os integrantes do Estatística e Ciência de Dados no cotidiano realizam uma roda de conversa sobre o projeto durante a 16ª Siepe no dia 23/10, das 10h30 às 12h10 no PC-06, no prédio de Ciências Exatas do campus Politécnico.

Antes de se dedicar ao projeto, Sílvia atuava na Pós-graduação em Saúde Coletiva, onde orientava pesquisas que aplicavam a estatística a temas da saúde pública. Muitas das ideias que hoje se transformam em postagens educativas e cursos curtos nasceram dessas experiências.

 

“Essa conversa entre extensão e pesquisa é essencial. A Universidade precisa aprender a traduzir o que faz”, reflete.

 

Pós-graduação que inspira e se transforma com a extensão  

 

Em áreas diferentes, mas com o mesmo propósito, Paula e Sílvia compartilham a convicção de que o conhecimento precisa ser partilhado. Seja por meio de jogos de matemática ou de cartas estatísticas, ambas mostram que a extensão é a tradução viva da Universidade em diálogo com a sociedade. Ao abrir as portas para escolas, comunidades e futuros estudantes, a UFPR reafirma o sentido da Siepe e do 1º Evento de Pesquisa e Extensão da Pós-graduação (EPEx-PG): mostrar que ciência, ensino e extensão caminham juntos – e que o conhecimento, quando compartilhado, se torna ainda mais transformador.

 

Para saber a programação da 16a Siepe acesse:

Programação Siepe

Para saber a programação do 1o EPEx-PG acesse:

Curitiba

Palotina

Matinhos 

Na próxima reportagem da Série Conexões você vai conhecer projetos de extensão e pesquisas da UFPR que dialogam sobre sustentabilidade e meio ambiente.

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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