Com a ideia de democratizar e popularizar o conhecimento científico, produto destaca especialmente pesquisas de novos cientistas
Por Alice Lima, com colaboração de Joana Giacomassa
Foto de destaque: Priscila Murr e Luiza Balliana (arte)
Ciência, arte e cultura pop em um formato que é tendência de consumo e da comunicação em todo o mundo: essa é a proposta do Bate-Pop AE, vodcast (podcast em vídeo) que é o novo produto da Agência Escola UFPR.
O primeiro episódio foi lançado nessa quinta-feira (1º) no canal no YouTube da AE. Apresentado pela estudante de Jornalismo e bolsista da AE Joana Giacomassa e pelo professor de Jornalismo Elson Faxina, os conteúdos são mensais, têm entre 1h e 1h30 de duração, e abordam, de maneira descontraída e em profundidade, os mais diversos assuntos da ciência, sempre com dois convidados que se relacionam com o tema.
O tema da estreia, Natureza plastificada: ficção ou realidade?, contou as recentes descobertas de impacto da cientista Fernanda Avelar Santos, geóloga e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR, que identificou a formação de rochas plásticas em uma ilha brasileira em um estudo que até pode ter ares de ficção científica, e Victor Finkler Lachowski, publicitário e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPR, que pesquisa cinema e trouxe diversas referência artísticas ao papo sobre a descoberta geológica que tem conquistado repercussão internacional.
Apesar de parecer enredo ficcional, como provoca o vodcast, a pesquisa trouxe à tona uma realidade assustadora, que envolve as práticas da humanidade e as consequências para a natureza. Como explica a coordenadora geral da Agência Escola, Regiane Ribeiro, a AE tem exatamente a proposta de divulgar uma ciência que gera engajamento a partir da relação com a vida cotidiana, com os problemas que são postos pelo convívio e dinâmica social.
“Outro ponto interessante do Bate-Pop AE é trazer para a discussão novos e novas cientistas, que estão no mestrado, doutorado ou que finalizaram há pouco tempo suas pós-graduações, para que também tenham espaços de interlocução e possam divulgar seus trabalhos”, acrescenta a coordenadora.
Vodcast: um formato bem-vindo à ciência
Segundo dados da Insider Intelligence divulgados este ano, o Brasil tem mais de 39 milhões de consumidores de podcast e é o terceiro maior mercado do modelo no mundo. O levantamento também estimou que até 2024, deve se popularizar ainda mais e chegar a 23,5% da população. A soma de imagens é uma das tendências do mercado de comunicação e, por isso, o formato foi escolhido para a formulação do novo produto da AE.
“Desde o princípio, a ideia era fazer uma mesa de debate de temas científicos que popularizem e divulguem as pesquisas da UFPR e, ao mesmo tempo, fazer com que essas conversas aconteçam no ambiente informal e atravessado por questões culturais, relacionadas à arte, cultura pop, televisão, além da factualidade jornalística”, explica Thiago Benittes, diretor do vodcast e responsável pelo núcleo de Audiovisual da AE, para quem o resultado do trabalho aberto e engajado superou as expectativas iniciais.
Sobre o caminho adotado, como conta Thiago, a equipe sempre procura se atualizar em relação às tendências de mídias alternativas para utilizar as estratégias de narrativas e de formatos para a democratização e popularização da comunicação pública para a ciência. “Nesse sentido, os vodcasts têm sido altamente difundidos nessas redes, por vários motivos, e um deles é pela possibilidade de desmembrar em conteúdos multiplataforma, assim como fizemos”, conta.
As imagens foram capturadas por três câmeras simultaneamente, o que contribuiu com o formato dinâmico, com a fotografia e os cortes dos vídeos para a produção de outros modelos, como os Reels publicados no Instagram e a playlist com os cortes de alguns trechos.
Formação e novos aprendizados
Desde a idealização às etapas finais, cada detalhe do projeto contou com bolsistas de graduação e de pós-graduação, profissionais e professores da Agência Escola, que concentra áreas como Jornalismo, Audiovisual, Design e Planejamento.
Na AE, todo processo profissional é também de aprendizado e de formação de bolsistas, como o estudante de Publicidade e Propaganda Michel Vier, que atuou, principalmente, na direção e edição de imagem, além da finalização do produto, com inserção de todos os elementos gráficos.
“Sempre tive interesse em aprender mais sobre produções como essa, mas nunca havia tido a oportunidade de trabalhar diretamente. Tive que aprender e aprimorar minhas habilidades à medida em que os problemas surgiam e também percebi a magnitude, pois para alcançar esse resultado, passamos por várias etapas, obstáculos e obtivemos resultados que eu nem imaginava que aconteceriam. Além disso, pude ver a importância do trabalho em equipe, que é fundamental para o sucesso do Bate-Pop AE”, compartilha Michel.
Quem vê o cenário conectado às tendências desse formato de conteúdo, e com elementos alinhados à identidade visual, pode não imaginar que o local precisou ser todo reformulado para se tornar um estúdio de vídeo (e não apenas de áudio, como é originalmente). Foram diversas observações, inovações e muita vontade da equipe de “fazer acontecer”, como conta Rafaela Gueba, aluna de Artes Visuais e bolsista da AE que foi responsável pela direção de arte, fotografia e iluminação do vodcast.
“Os principais desafios foram fazer um vodcast pela primeira vez e entender quais equipamentos precisávamos, materiais de apoio e ir descobrindo as dificuldades enquanto a gente fazia. Por ser um espaço pequeno, aprendi muito sobre composição e cenografia”, conta a estudante.
Fotos da equipe AE: Rafaela Gueba
A ciência é pop
A Agência Escola UFPR segue o modelo de participação e engajamento, com a não hierarquização do conhecimento. Nessa lógica, todas as pessoas envolvidas em uma cultura científica têm capacidade de interagir com seus conteúdos.
“Ao trazer novos cientistas e uma linguagem do cotidiano, o Bate-Pop AE dialoga com esse modelo, que é o mais viável para desenvolver uma cultura de divulgação científica e que desperte nas pessoas a importância da ciência”, finaliza Regiane Ribeiro.
Todo trabalho foi possível com o apoio técnico do Departamento de Comunicação da UFPR, que disponibilizou o estúdio e a estrutura necessária, e da UFPR TV, que cedeu todos os equipamentos para as gravações e edição do material.