Foto de destaque: deslizamento na BR-376 no litoral do Paraná (Crédito: SESP/PR)
Por Artur Oliari Lira
Edição: Alice Lima
De acordo com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), desastres naturais já causaram mais de 400 bilhões de reais de prejuízos para o estado brasileiro nos últimos 10 anos. Como mostra o Mapa de Prevenção de Desastres do Serviço Geológico do Brasil, órgão vinculado ao Ministério de Minas de Energia, existem 13.648 áreas de risco em todo o Brasil. No Paraná, segundo a Defensoria Civil, a cada 17 horas ocorre um desastre climático. Um deles foi o deslizamento da BR-376, no final do ano passado.
Tendo em vista essa realidade e a necessidade de se desenvolver conhecimento, análises e soluções sobre a questão do clima, o Governo do Paraná, por meio da Fundação Araucária, e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) estruturaram e iniciaram o Novo Arranjo Pesquisa e Inovação Emergência Climática (Napi-EC).
A ideia do projeto, que tem um orçamento total de 3,2 milhões de reais e será desenvolvido em 36 meses, é monitorar causadores das emergências climáticas no Paraná, registrar mudanças e impactos no Meio Ambiente, atuar na prevenção de mudanças no clima, desenvolver tecnologias para análise de dados e traçar panoramas para que o Governo do Estado viabilize medidas para frear esses impactos.
Ao todo, são 48 pesquisadores de sete instituições conveniadas que, além da UFPR:
- Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR);
- Universidade Estadual de Londrina (UEL);
- Universidade Estadual de Maringá (UEM);
- Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG);
- Universidade do Oeste do Paraná (Unioeste);
- Universidade do Centro do Paraná (Unicentro);
- Pontífica Universidade Católica do Paraná (PUCPR).
Outras importantes instituições se juntaram a esse grupo como colaboradoras do projeto, como o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) e a Universidade do Estado do Paraná (Unespar).
Esses cientistas atuam nas mais diversas áreas como clima, biotecnologia, planejamento urbano, ciências florestais, saúde, educação, comunicação, agronomia e análise de dados.
“A mudança climática e a emergência climática colocaram a sociedade contra a parede e para sair desse lugar é preciso de conhecimento, ciência e aplicação. O Napi Emergência Climática visa contribuir com isso e levar o conhecimento à população para fazer enfrentamento às mudanças climáticas”, explica Francisco Mendonça, coordenador do projeto.
Como medir as mudanças climáticas
Entre essas pesquisas está a da professora Leila Limberger, docente do Centro de Ciências Humanas, Educação e Letras da Unioeste, que estuda o cálculo e a organização dos índices de detecção de mudanças climáticas para o estado do Paraná.
“O projeto de detecção de mudanças climáticas é fundamental para o Napi Emergência Climática, pois a partir dele será possível fazer o mapeamento dos principais efeitos das mudanças climáticas no estado no que se refere à temperatura e ao padrão das chuvas. Será possível verificar o quanto e onde o clima está mudando com mais intensidade”, conta.
O projeto vai acompanhar 27 índices que avaliam a intensidade e a frequência de chuvas e padrões de temperatura (máxima e mínima), além de conjuntos (grades) de dados que cobriram todo o estado entre 1979 e 2022. Esses índices são, por exemplo, o número de dias nos quais a temperatura ficou abaixo de 2°C ou que passou de 30ºC, além de parâmetros que avaliam a quantidade de chuva. “Assim, tanto os pesquisadores do Napi quanto o governo do Estado terão parâmetros reais para as tomadas de decisão”, explica a pesquisadora.
Divulgação científica
A Agência Escola UFPR faz parte do projeto para informar a sociedade sobre os estudos que estão sendo realizados, seus resultados e o envolvimento dos temas na vida das pessoas, de maneira prática e ativa.
“A parceria com o Napi em Emergências Climáticas é imprescindível porque vai ao encontro do objetivo da Agência Escola, que é divulgar e popularizar a ciência a partir de grandes redes de pesquisa e de grandes arranjos de produção de conhecimento científico”, explica Regiane Ribeiro, coordenadora geral da AE.