Por Alice Lima/AE
As mulheres são maioria nas universidades e nas bolsas de iniciação científica, mas só representam 35% das bolsas de produtividade. Essa realidade foi destacada pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, durante o lançamento do “Relatório Agenda Transversal – Mulheres”. Para pensar esse cenário e propor um plano de trabalho com medidas efetivas para modificá-lo, o MCTI vai realizar uma conferência temática com o tema “Mais meninas e mulheres nas ciências: por uma agenda de equidade e interseccionalidade”.
O evento, que será realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), nos dias 15 e 16 de março, vai reunir representantes das instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas, a sociedade civil, setor empresarial, associações e entidades de classe, assim como do governo federal. Durante a programação, serão discutidos todos os pontos relacionados ao tema central com o objetivo de construir os planos da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2023. A etapa de março é preparatória para a realização da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que acontecerá em junho de 2024.
Como explica a coordenadora da Agência Escola de Comunicação Pública e Divulgação Científica da UFPR, Regiane Ribeiro, que faz parte do comitê de mobilização do evento, a partir das mesas-redondas, grupos de trabalho e plenárias, os participantes irão elaborar encaminhamentos para promover a equidade de gênero e a maior participação e protagonismo de meninas e mulheres na ciência. Duas das discussões, por exemplo, serão sobre “Impacto da construção de estereótipos de gênero e raça na carreira de mulheres cientistas” e “Baixa representação das mulheridades em espaços de poder”.
“Somente com uma discussão ampla e diversa podemos pensar sobre quais os caminhos mais eficazes para que tenhamos não apenas mais mulheres na ciência, mas pesquisadoras e cientistas com reais condições de estudo e trabalho. Até porque sabemos que a questão sobre a concentração de bolsas de produtividade é só um dos desafios enfrentados pelas mulheres nesse contexto. A conferência ampliará esse debate para outros eixos também imprescindíveis”, analisa Regiane.
As bolsas de produtividade (PQ) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) são concedidas a pesquisadores ou pesquisadoras que se destacam em suas respectivas áreas de conhecimento. Dos 16.108 bolsistas dessa modalidade no país, apenas 5.642 são mulheres (35,6%) e os 10.208 restantes (66,4%) são homens, a partir dos dados registrados até julho de 2023, levantados pelo Parent in Science da base do CNPq por meio da plataforma Fala.br.
O Brasil tem, atualmente, mais de 400 mil pós-graduandos, dos quais 224 mil, ou seja, cerca de 55%, são mulheres, segundo dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Entre bolsistas de mestrado, doutorado e pós-doutorado da instituição, 58% são mulheres. No que se refere à participação docente da pós-graduação, segundo dados da base da Plataforma Sucupira, consolidados em 2021, os homens representam 58% e as mulheres 42%. Há grandes diferenças por área de conhecimento. Nos percentuais mais baixos estão docentes mulheres de áreas como Engenharias e Ciências Agrárias (25 e 23%) e como maior número na Saúde, da Linguística, Letras e Artes (61%).
PROGRAMAÇÃO | 5ª Conferência Nacional de CT&I
Mais meninas e mulheres nas ciências: por uma agenda de equidade e interseccionalidade 15 e 16 – MARÇO – 2024 UERJ – Campus Maracanã.
15 de MARÇO de 2024 – SEXTA-FEIRA
14h às 14h30m – Sessão de Abertura
14h30m às 16h – Mesas-Redondas
Mesa 1 – Impacto da construção de estereótipos de gênero e raça na carreira de mulheres cientistas.
Mesa 2 – Combate à Cultura do assédio e violências de gênero e de raça no ambiente acadêmico.
Mesa 3 – Gênero e Financiamento à Pesquisa & Inovação no Brasil: contribuições a uma agenda de equidade e interseccionalidade.
Mesa 4 – Baixa representação das mulheridades em espaços de poder.
Mesa 5 – Políticas de cuidados e maternidade numa perspectiva interseccional
16h às 16h30m – Intervalo com café
16h30m às 18h – Grupos de Trabalho (GT)
GT 1 – Impacto da construção de estereótipos de gênero e raça na carreira de mulheres cientistas.
GT 2 – Combate à Cultura do assédio e violências de gênero e de raça no ambiente acadêmico.
GT 3 – Gênero e Financiamento à Pesquisa & Inovação no Brasil: contribuições a uma agenda de equidade e interseccionalidade.
GT 4 – Baixa representação das mulheridades em espaços de poder.
GT 5 – Políticas de cuidados e maternidade numa perspectiva interseccional
18h – Momento Político
Sessão solene com as Ministras Luciana Santos (MCTI) e Cida Gonçalves (Ministério das Mulheres); representantes de redes e autoridades
16 de MARÇO de 2024 – SÁBADO
8h30m às 9h30m – Café cultural Café da manhã com atividades culturais e sorteio de brindes
9h30m as 12h – Plenária final e Encerramento