A AE como um verdadeiro espaço de formação em jornalismo científico #AgênciaEscolaUFPR
Por Paula Bulka Durães
Em junho de 2021 começou minha jornada na Agência Escola UFPR. Entrei ainda caloura, com pouquíssima experiência e já bastante saturada do ambiente virtual. O desafio foi ainda mais assustador: produzir o Primeira Pesquisa (PP), um produto audiovisual da AE em parceria com a UFPR TV. Sim, eu que mal tinha começado as aulas – todas inclusive virtuais – e que pouco sabia sobre jornalismo audiovisual ficaria responsável logo por um programa televisivo.
Um tiro no escuro. Pensei inúmeras vezes que não seria capaz, na primeira reunião de pauta já estava assustada em ouvir falar sobre relatórios de reportagem, roteiro e entrevistar desconhecidos. Mas com ajuda da Mônica Ferreira, na época, também bolsista responsável pelo PP, o dia a dia foi se tornando mais simples. Logo, o primeiro episódio que produzi foi ao ar, e o resultado não poderia ser mais gratificante: Trajetória de uma pesquisadora: Noemi Vergopolan.
Porém, logo veio outro impacto: a Mônica deixaria a Agência Escola, e eu com pouco mais de um mês de experiência seria a responsável por conduzir a nova bolsista e ensinar todo o passo a passo da produção. Um baita soco no estômago. Novamente passei a duvidar de mim mesma – nesses momentos o apoio do professor Elson Faxina e da jornalista e editora da Agência Escola, Chirlei Kohls, foi primordial.
A verdade é que quando eu e a Carolina Genez, nova bolsista que assumiu o lugar da Mônica e minha grande amiga, assumimos no Primeira Pesquisa, ele já estava caminhando para o seu fim. A pandemia tem grande conta disso, é verdade. Mas o modelo que seguia o mesmo desde a sua concepção e a falta de um padrão narrativo bem definido, pouco se encaixavam com a nova Agência Escola que estava prestes a eclodir. Uma agência de divulgação científica.
Mesmo assim, posso dizer claramente que o Primeira Pesquisa foi uma escola de fazer jornalismo. E, mesmo no fim, eu e a Carol desafiamos a estrutura tradicional do programa e resolvemos aparecer na frente das câmeras como apresentadoras. Deixo aqui o destaque para o penúltimo episódio, feito em homenagem ao Dia das Crianças: Projeto Ciência & Criança. Aqui não só estamos diante das telas como também trouxemos nossos irmãozinhos. Tudo isso desafiando as limitações do ambiente virtual: com apenas a câmera do celular, foi possível trazer a história de um importante projeto de extensão a público. Isso é inspirar ciência.
Mas inspirar ciência também veio nos novos projetos a seguir. Na finalização do curso de Jornalismo Científico da AE, eu, Carol e a bolsista de pós-graduação Maria Fernanda Mileski trouxemos ao mundo o Minuto Ciência AE. Hoje, o mais novo produto da Agência Escola chamado Ciência em Ponto. A ideia, aprovada pelos professores, profissionais e coordenadores, passou a ser desenvolvida por nós mesmas, processo que foi concluído há poucos meses, com o nosso primeiríssimo piloto, assumido pela incrível bolsista Cecília Sizanoski.
Foram mais de seis meses desenvolvendo essa ideia e, não bastasse isso, a AE me trouxe mais um presente neste ano antes da minha saída: a oportunidade de reinventar um produto antigo, o UFPR Na Sua Vida, e dirigir um mini documentário. Sem muitos spoilers, esse com certeza foi o momento mais significativo da minha trajetória na Agência, porque pude ser, mais uma vez, ouvida e incentivada a encabeçar junto aos meus colegas um projeto que homenageia um programa de extensão tão especial na minha trajetória quanto a AE, o Ncep (Núcleo de Comunicação e Educação Popular).
Hoje, poucos meses depois de completar um ano como bolsista da Agência Escola, me despeço não só dos amigos que levarei para a vida, professores e profissionais incríveis, mas também daquela Paula tímida, que mal havia começado a faculdade e que duvida tanto de si. Aqui deixo meu agradecimento pessoal a Chirlei novamente e também ao professor Vinicius Carrasco e ao cineasta Thiago Bezerra Benites por me ensinarem tanto e acreditarem no meu potencial. A Agência é um espaço de formação, não é à toa o “escola” no nome. Inspirar ciência é inspirar trajetórias, é inspirar jornalismo.
