Por Alana Morzelli Foto: Alana Morzelli EDIÇÃO: Flávia Cé Steil e Priscila Murr
Pint of Science reúne pesquisadores e especialistas em mais de 25 países para disseminar o conhecimento científico em bares e restaurantes
A proposta do Pint of Science é discutir ciência em um ambiente descontraído. O evento convida anualmente pesquisadores e especialistas de diversas áreas para apresentarem suas teses em bares de mais de 25 países. O festival é realizado no Brasil desde 2015 e, hoje, é o país com maior número de municípios participantes, acontecendo em 179 cidades simultaneamente.
Uma “caneca de ciência”
A ideia surgiu em 2012, na Inglaterra, quando dois pesquisadores, Michael Motskin e Praveen Paul, organizaram um evento chamado Encontro com Pesquisadores. Nesse momento, os amigos Motskin e Paul levaram pessoas acometidas por Alzheimer, Parkinson, doenças neuromusculares e esclerose múltipla aos laboratórios da Imperial College London para apresentar as pesquisas realizadas sobre as condições de saúde do grupo.
Após o sucesso do evento, os pesquisadores adaptaram a proposta, passando a levar os cientistas à população, ao invés do contrário. Para chegar em lugares onde o debate é livre para todos os públicos, os bares foram os escolhidos.
Dessa forma, surge o Pint of Science. Traduzido livremente para “uma caneca de ciência”, o nome ilustra o hábito de beber cerveja durante as conversas com assuntos científicos. A primeira edição foi realizada em maio de 2013. O evento chegou ao Brasil em 2015, quando o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, adotou a iniciativa pela primeira vez em uma cidade da América do Sul.
Em Curitiba
Neste ano, Curitiba recebeu a iniciativa entre os dias 13 e 15 de maio, em cinco localidades que podem ser encontradas no site oficial do evento. O evento anual é gratuito e recebe cerca de 25 mil pessoas.
Entre as discussões desta edição, um dos temas abordados no primeiro dia, segunda-feira (13), no bar Quintal do Monge, tem relação com as enchentes vivenciadas no Rio Grande do Sul (RS). A doutora em Meteorologia e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Camila Carpenedo, apresentou o tema “Tempestade em copo d’água? A ciência por trás dos eventos climáticos extremos”.
Sobre a temática, a doutora explica os principais fatores de influência para a enchente histórica do RS e aponta quais medidas precisam ser tomadas para que desastres como esse não ocorram novamente, relembrando outros eventos passados.
“Eventos como esse podem e devem ser prevenidos”, garante Camila.
Além de emergências climáticas, outros diversos temas foram abordados nesta edição. O estudante de Letras da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Arnoldo Frolich Neto, diz ter ficado impressionado com a multidisciplinaridade nas abordagens dos cientistas.
“Na palestra que fui o tema era intolerância e preconceito, uma pesquisa quantitativa feita por um professor da administração. Além do assunto ser importante, a pesquisa feita em vários campos diferentes abriu meus olhos. A leveza com que foi tratado um assunto tão sério também tornou mais “digerível” e a discussão no final também acrescentou muito”, lembra.
Para o jovem, é essencial que a ciência ultrapasse os muros da universidade. Nesse sentido, a do Pint of Science consegue levar informação de qualidade para todos os públicos, promovendo, além disso, o contato com a própria cidade.
“Esse ano fui ao encontro que aconteceu no Janaíno Vegan, um bar localizado no Largo da Ordem, de que só tinha ouvido falar até então”, completa o estudante.