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Diversidade e comunicação popular: podcast e programa de extensão da UFPR vencem prêmio nacional de pesquisa experimental

Conheça os projetos concebidos no Departamento de Comunicação Social da UFPR e sua relação com a pesquisa na graduação, com reconhecimento em uma das maiores premiações no campo da Comunicação no país #AgenciaEscolaUFPR

Por Maria Fernanda Mileski
Edição por Chirlei Kohls

“É extremamente importante pensar que os pilares ensino, pesquisa e extensão têm que caminhar juntos. Na extensão, isso é bastante nítido quando vamos procurar um referencial teórico antes de pensar nas ações pontuais dos projetos. É um processo que parte de uma pesquisa científica”, conta David Milani, estudante do curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integrante do Núcleo de Comunicação e Educação Popular (NCEP). O programa foi reconhecido como melhor projeto de extensão no prêmio nacional Expocom (Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação), destinado à valorização dos trabalhos experimentais produzidos por estudantes no campo da Comunicação em todo o Brasil.

Além do NCEP, outro projeto desenvolvido no Departamento de Comunicação Social (Decom) da UFPR foi vencedor da edição 2021 na categoria “Produção Laboratorial em Audiojornalismo e Radiojornalismo”. É o podcast DiversiVozes, que traz pessoas e especialistas para falarem sobre diferentes temas, como deficiência, gênero, população LGBTQIA+, raça/etnia e religião. Foi produzido por alunos como trabalho final da disciplina optativa de Comunicação e Diversidade, ministrada pela professora do Decom e do Programa de Pós-graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFPR Valquíria John, que também é professora da Agência Escola UFPR.

De acordo com a professora e pesquisadora, o podcast se propõe a evidenciar histórias de vida, trajetórias e cotidianos de pessoas que vivenciam o preconceito relacionado à diversidade e que, muitas vezes, têm suas vozes silenciadas ou ausentes da narrativa midiática. Além disso, também visa aproximar a pesquisa e o fazer científico daqueles que participaram (entrevistados e estudantes) e daqueles que ouvem a produção.

“Esse é o duplo compromisso do DiversiVozes: com a visibilidade das vozes, mas também com a Comunicação Pública da Ciência, que entendo ser bastante central na universidade pública e na formação dos profissionais da Comunicação. Isso para que desenvolvam a responsabilidade com a divulgação científica e aproximação do mundo da ciência com o mundo da vida cotidiana”, defende Valquíria.

Assim como o DiversiVozes, a pesquisa experimental também está presente nas ações do NCEP que venceu a categoria “Projeto de Extensão” a partir do trabalho realizado junto a alunos no Colégio Estadual João Gueno, localizado no bairro São Dimas, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O programa também desenvolve ações com outros parceiros, com o objetivo de estimular a discussão sobre comunicação popular e promover a democratização dos meios de comunicação.

José Carlos Fernandes é professor e pesquisador do Decom e do PPGCOM e, também, coordenador do NCEP. Segundo ele, o programa coloca em prática a pesquisa, principalmente para testar processos educomunicativos, que busca aproximar a sociedade dos campos da cultura, da comunicação e da educação. “Nas nossas ações, aquilo que idealizamos, estudamos e vemos nos livros, ensaios e artigos é posto à prova, o que também pode exigir que tenhamos de procurar na ciência as respostas para determinadas questões que aparecem no dia a dia do projeto de extensão”, relata.

A pesquisa nas ações do Núcleo de Comunicação e Educação Popular

O NCEP é um Programa de Extensão vinculado aos cursos do Decom da UFPR. Existe há 18 anos, completados em 2021, e participam dele estudantes dos cursos de Jornalismo, Relações Públicas e Publicidade e Propaganda. “Para além do Gueno” foi a ação escolhida para representar o programa na Expocom. Desde o ano de 2018, são realizadas oficinas de educomunicação com adolescentes do Colégio Estadual João Gueno.

Foi uma parceria que deu certo. De lá para cá, junto do esforço de professores da instituição de ensino, os integrantes do NCEP contribuíram no desenvolvimento de dois livros: “De Pés no Chão: o São Dimas que Vivemos” e “O meu, o seu, o nosso São Dimas”, também do site “Gueno News” e de duas edições da revista “Janelas Abertas”, todos de autoria dos estudantes da escola localizada em Colombo.

Lançamento da revista “Janelas Abertas”, que contou com a presença de cerca de 50 pessoas. Foto: Reprodução

“O ‘Para além do Gueno’ não é obra do NCEP. É uma prova de que existe vida nas escolas públicas que às vezes não vemos. O que fizemos foi entrar como apoiadores”, relata o coordenador do programa. Zeca, como é conhecido pelos alunos, ainda conta que com a chegada da pandemia, o NCEP atuou na escola mesmo à distância. “Não queríamos parar e os professores queriam continuar desenvolvendo o trabalho com os alunos. Fizemos cerca de 52 oficinas online, como de texto e de fotografia”.

Paula Bulka é estudante do curso de Jornalismo da UFPR e integrante do NCEP desde 2020. Ela passou a atuar nas oficinas realizadas no Colégio João Gueno assim que entrou no programa. A estudante afirma enxergar a pesquisa científica no desenvolvimento das atividades.

“Lembro que, para contribuir com a revista ‘Janelas Abertas’, uma das primeiras oficinas que dei foi sobre texto jornalístico. Eu tive que pesquisar em bases teóricas para poder passar a informação aos alunos. Nessa oportunidade de ministrar uma oficina, eu também acabei aprendendo muito”, reflete. As revistas tiveram seus lançamentos realizados de forma remota, com a participação dos integrantes do NCEP, estudantes do Colégio João Gueno, professores e comunidade escolar.

Assim como a Paula, o estudante de Relações Públicas e integrante do NCEP David Milani entende que a pesquisa experimental é bastante presente na rotina do programa de extensão. Ele conta que, ao começarem a desenvolver um projeto com um parceiro, sempre há a etapa de busca por um referencial teórico para fundamentar as ações. Além disso, a pesquisa também é realizada em momentos de formação do grupo e na produção de artigos para eventos científicos, como a Expocom.

“Participamos desse prêmio escrevendo um paper [pequeno artigo científico] e fazendo um vídeo da nossa produção. Também há outros eventos que participamos. Então, encontramos a pesquisa no NCEP desde a elaboração dos projetos, durante as oficinas que criamos e, depois, na etapa de retratar e escrever sobre o que desempenhamos”, afirma David.

A pesquisa experimental no podcast DiversiVozes

O podcast DiversiVozes, que também trouxe o prêmio Expocom para a UFPR, apresenta diferentes histórias a partir do relato daqueles que vivenciam diversas realidades e dimensões da diversidade. Valquíria explica que o trabalho foi resultado de um processo de discussão durante a disciplina optativa ministrada no Decom. Os alunos aprenderam e refletiram sobre conceitos como identidade, diferença, minorias, intolerância, além da responsabilidade da mídia na construção, reforço e contestação de estereótipos ligados à diversidade. Foram 20 episódios produzidos e três deles representaram o podcast na premiação nacional.

A professora ressalta que o DiversiVozes é resultado de um movimento teórico e prático. “Os alunos tiveram o desafio de produzirem um conteúdo midiático que contribuísse para o alargamento da compreensão da diferença e que tomasse cuidado para não recair em estereótipos e ideias preconcebidas, que eram os aspectos que tínhamos discutido ao longo da disciplina”.

A estudante de Jornalismo e aluna líder do projeto, Ana Salles, explica que a cada episódio participam pessoas que abordam temas como diversidade religiosa, étnico-racial, de gênero, sexualidade e deficiências. “O podcast trata da realidade de diferentes pessoas, principalmente aquelas que sofrem diariamente com o preconceito por serem quem são. A intenção é que elas contem a sua história e como superaram as barreiras geradas pela discriminação”. Além disso, também participaram especialistas, pesquisadores e cientistas, que contribuíram na contextualização dos temas, com estudos, análises e pesquisas científicas sobre a questão tratada.

O podcast está disponível no site Decom Cast para acesso livre dessa e de outras produções dos alunos de Comunicação da UFPR. Foto: Reprodução

Para a produção do podcast, Ana conta que a pesquisa permeou muitas das etapas, principalmente para a fundamentação da proposta de cada episódio. Também esteve presente na formulação de perguntas e na realização das entrevistas com os convidados. A estudante afirma que a pesquisa está intimamente ligada a uma das descobertas marcantes que teve durante a formulação do material.

“Algo que significou muito foi descobrir que pessoas com deficiência visual podem tocar instrumentos musicais e aprender partituras. Existe musicografia em braille, ou seja, partituras de piano em braille, que com um certo nível de estudo podem ser aprendidas por pessoas cegas ou deficientes visuais. Isso foi incrível, porque era algo que eu não imaginava que existia ou que era possível, foi bonito e inspirador saber”, compartilha.

Para endossar a reflexão sobre a pesquisa no podcast, Valquíria reforça que a produção dos episódios exigiu dos alunos um comprometimento teórico e prático. A cada etapa, foi necessário o aprofundamento do tema através da busca de dados consistentes, informações e estudos científicos. “Teve um movimento muito importante de pesquisa, justamente para não acabarem recaindo no reforço de estereótipos, estigmas e representações equivocadas e pela importância do diálogo entre vida cotidiana e o mundo da ciência”, completa.

O podcast DiversiVozes está disponível na página Decom Cast, que reúne todas as produções de podcast feitas pelos alunos do Departamento de Comunicação da UFPR. Ouça os episódios aqui.

Prêmio Expocom

A Expocom é organizada anualmente pela Sociedade Brasileira de Estudos Transdisciplinares da Comunicação (Intercom), que é uma instituição sem fins lucrativos, que se dedica ao fomento e à troca de conhecimento entre pesquisadores e profissionais que atuam no mercado. Além disso, a entidade também estimula a produção científica dos alunos e recém-graduados em Comunicação, principalmente através de prêmios, como o Expocom, que busca incentivar o desenvolvimento, aprimoramento e inovação de produtos e pesquisas experimentais entre estudantes de todo o Brasil.

O regimento da premiação compreende três etapas: uma local entre os trabalhos produzidos na universidade em que os estudantes possuem o vínculo; a regional entre as produções realizadas por cada região do país (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste) com avaliação da comissão da Intercom; e nacional entre os trabalhos vencedores das cinco regiões.

A cerimônia de premiação da Expocom nacional aconteceu de forma remota junto do encerramento do 44º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, evento promovido pela Intercom entre os dias 4 e 9 de outubro.

Foto destaque: Reprodução/Núcleo de Comunicação e Educação Popular

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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