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Conferência Temática “Mais Meninas e Mulheres nas Ciências” discute a equidade de gênero no contexto científico

Por Artur Lira
Fotos: Giovani Sella e Priscila Murr
Edição: Priscila Murr

 

Painéis, mesas-redondas e grupos de trabalho compõem a 5ª Conferência Nacional de CT&I sediada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)

 

O ano é de 2024. E as mulheres ainda lutam por ações básicas dentro da ciência no Brasil. Pesquisadoras, ao pedirem licença-maternidade, podem perder a bolsa produtividade. Dentro desse cenário na academia, as cientistas também precisam reivindicar financiamentos de pesquisas lideradas por e para mulheres, bem como cobrar políticas ligadas ao combate ao assédio dentro das universidades e instituições de pesquisa.

Na 5ª Conferência Temática “Mais Meninas e Mulheres nas Ciências”, que aconteceu na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) no dia 15 de março, Aparecida Gonçalves, ministra de Estado das Mulheres, resumiu a ideia do evento: “A gente sai daqui com uma corrente envolvendo todo Brasil para garantir a permanência das meninas e das mulheres na ciência”.

Ao longo da conferência, cinco mesas-redondas discutiram os seguintes temas: “Impacto da construção de estereótipos de gênero e raça na carreira de mulheres cientistas”; “Cultura do assédio e violências de gênero e de raça no campo científico, gênero e financiamento à pesquisa”; “Baixa representação das mulheres em espaço de poder”; e “Políticas de cuidado e maternidade em uma perspectivas interseccional”.

 

O afeto é movimento

“Afeto é combustível. Afeto é o nosso diferencial”, Marcia Barbosa, secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) | Foto: Priscila Murr

Marcia Barbosa, secretária de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destaca a necessidade de análise de três pontos fundamentais no que diz respeito às mulheres na ciência: a maneira como meninos e meninas enxergam a ciência; os obstáculos que as mulheres enfrentam ao tentar um futuro na ciência e a forma de se garantir a permanência e o acesso das mulheres aos espaços de poder.

A secretária protesta, elencando obstáculos nesse sentido. “As jovens que tentam, que tentam um futuro diferente, observam no seu caminho obstáculos que dizem cotidianamente: ‘não é para ti porque tu é pobre, não é para ti porque tu é negra, não é para ti porque tu é mulher’. Também temos que olhar para as mulheres que, vencendo os inúmeros obstáculos, chegam ao poder. E temos que pensar em como fazer mais mulheres chegarem nesse local”, declara ela.

 

Foto: Giovani Sella – Conferencia Nacional de CT&I 56

A fala da pesquisadora vai ao encontro de uma perspectiva ampla e geracional. “A gente sempre tem que incluir as mulheres na ciência porque a gente tem que entender o ponto de vista de cada pessoa e perceber que não é só porque ela é mulher e menina que tem que ser excluída da parte da ciência, bem pelo contrário, ela tem que ser incluída”, explica Isabella Toassa (12 anos), ao lado da sua irmã Beatriz Toassa (13), embaixadoras do MCTI e Cidadãs Cientistas da Nasa.

 

Diversidade

Tema de diversos pontos da conferência, a necessidade de se contemplar a diversidade foi pontuada e intensivamente debatida durante o evento. Essa perspectiva leva em consideração o viés implícito de discriminação perante a avaliação de currículos de mulheres, o que pode prejudicar a admissão dessas pesquisadoras, por exemplo.

As discussões também contemplaram questões de raça inseridas nesta perspectiva. Ana Lucia Nunes de Souza, pesquisadora do Instituto Nutes de Educação em Ciências e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), iniciou sua fala na mesa “Impacto da construção de estereótipos de gênero e raça na carreira de mulheres cientistas” com o questionamento: “Pode a mulher negra ser cientista?”. Mais à frente, indicou a resposta a partir de sua pesquisa, que tem base nos dados da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF). Mesmo com todas as barreiras impostas pela sociedade brasileira, o currículo de mulheres negras passa por um fenômeno chamado “superqualificação”. “O que a gente observa é que elas são super, hiperqualificadas para ter rompido todas essas barreiras”, interpreta a cientista.

Em outra mesa, “Políticas de cuidados e maternidade em uma perspectiva interseccional”, Sara Wagner York, mulher trans e professora da UERJ, remonta a sua história de vida. Ela fala sobre as dificuldades que passou ao perder contato com seu filho durante 15 anos e, evocando a ativista antirracista Bell Hooks, aponta sua visão sobre a tema.

 

“A educação, em seu melhor, é essa profunda transação humana chamada ensino-aprendizagem. Não é só sobre ter informações ou conseguir um emprego. Educação é sobre cura e integridade, é sobre empoderamento, libertação, transcendência, é sobre renovar a vitalidade da vida, é sobre encontrar e reivindicar a nós mesmos e o nosso lugar no mundo”, declamou.

 

 

Ações concretas

O documento final do evento, elaborado ao longo das argumentações, reúne todas as reivindicações das mulheres pesquisadoras e foi sancionado no âmbito da 5ª CT&I. Os painéis, mesas-redondas e grupos de trabalho que aconteceram podem ser acessados no canal do Youtube do MCTI.

 

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