Por Alice Lima
Supervisão: Maíra Gioia
Foto em destaque: Freepik
Pesquisas científicas e inovações tecnológicas auxiliam no combate e prevenção à doença
Outubro não é um mês qualquer, quem anda pelas ruas percebe os laços rosas expostos em lojas, propagandas, carros e até colados nas roupas de quem deseja deixar um importante lembrete: é o mês internacional da conscientização sobre o câncer de mama. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse é o tipo mais incidente da doença em mulheres de todas as regiões do Brasil, acometendo, principalmente, aquelas com idade entre 50 e 70 anos.
Apesar dos altos índices da doença no país, a ciência é uma importante aliada para a criação de novos tratamentos e tecnologias que buscam melhorar a qualidade de vida das mulheres que estão no processo de luta contra esse tipo de câncer.
Uma equipe de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Departamento de Prevenção e Reabilitação em Fisioterapia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenada pela professora Raciele Ivandra Guarda Korelo, é um exemplo da conexão entre ciência e a esperança.
O projeto busca avaliar os efeitos do uso da “Laserterapia” em pacientes do tratamento oncológico. O procedimento utiliza pulseiras de laser, com o objetivo de melhorar a recuperação e diminuir efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia, radioterapia e outros, situações em que sintomas como a fadiga e a dor estão presentes. Essa nova técnica atua diretamente nos sistemas circulatório e imunológico, melhorando o fornecimento de oxigênio e nutrientes para o corpo todo.
A graduanda de Fisioterapia na UFPR, Maria Fernanda Herzer, comenta sobre a importância das voluntárias na criação de um tratamento mais confortável para as pacientes. Segundo ela, o novo método precisa ser testado para trazer a maior qualidade de vida possível.
“Agora, a gente está fazendo o piloto, para recrutar essas pacientes […] é onde a gente vai tentar avaliar essa questão da laserterapia e os efeitos dela”, explica.
Durante o momento das intervenções da laserterapia, o projeto também utilizará as chamadas “técnicas de fisioterapia de bem-estar”, que auxiliam na mobilidade e alongamento, promovendo também cuidado com a pele e ensino de técnicas de respiração para as pacientes. O estudo está à procura de mais mulheres entre 21 a 60 anos, com o diagnóstico da doença, para a realização do estudo completo.
Outros estudos
Confira outras pesquisas realizadas na UFPR que contribuem para o combate e prevenção do câncer de mama.
- Pesquisa identificou que molécula de região pouco estudada do DNA é associada ao câncer de mama:
Em 2021, uma pesquisa da UFPR, realizada por Érika Pereira Zambalde e orientada pela professora Jaqueline Carvalho de Oliveira, descobriu, pela primeira vez, a molécula de RNA Lnc-uc.147, que é produzida em uma parte do DNA anteriormente considerada irrelevante nas análises genéticas. Essa região é chamada de “DNA lixo”. O estudo focou em regiões do DNA ultraconservadas (UCRs) que mantêm sua estrutura ao longo da evolução.
Segundo a pesquisa, a molécula de RNA presente nessa região do DNA está relacionada ao desenvolvimento do câncer de mama e pode abrir novas possibilidades de tratamento. As pesquisadoras responsáveis pelo estudo, descobriram que, ao inibir a molécula Lnc-uc.147, o crescimento das células do câncer de mama diminuía. Essa molécula parece regular a evolução e a morte celular, e sua presença em níveis altos está ligada a formas mais agressivas da doença.
O achado abre possibilidades para aprimorar a classificação de tumores utilizando a Lnc-uc.147, como marcador nos exames genéticos. Permite, também, testes clínicos para descobrir medicamentos mais eficazes ligados ao funcionamento e inibição da molécula.
Confira a matéria completa sobre a pesquisa aqui!
- Desenvolvimento de equipamento revolucionário para diagnóstico e acompanhamento de câncer de mama:
Pesquisadores da UFPR, do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Autossustentável (NPDEAS), desenvolveram um sistema de telemedicina que utiliza tecnologia infravermelha, ou seja, leva em consideração a temperatura do corpo para realizar triagens de saúde. Essa solução permite que os pacientes façam exames com autonomia em uma cabine controlada, garantindo maior precisão nas medidas de temperatura.
O sistema é capaz de detectar alterações precoces, que podem indicar doenças como câncer de mama, diabetes e doenças cardiovasculares, até 10 anos antes do diagnóstico tradicional. A cabine controlada também utiliza um tipo de inteligência artificial que permite diagnóstico mais preciso quando comparado com métodos tradicionais.
A pesquisa para o desenvolvimento da cabine é realizada desde 2008. Segundo o farmacêutico, doutor em ciência e cofundador do NPDEAS, André Bellin Mariano, em 2024 o projeto continua em andamento, a patente já foi publicada e passa, atualmente, pela etapa de angariar investidores.
Confira a matéria completa sobre o projeto aqui!
Prevenção
Segundo cartilha publicada em 2023 pelo Inca, um a cada três casos pode ser curado se for detectado logo no início.
Para o diagnóstico precoce é necessário o autoexame de toque regularmente, para identificar possíveis caroços, alterações no bico do peito, pequenos nódulos nas axilas ou pescoço, saída espontânea de líquidos ou pele da mama avermelhada. Caso seja percebida qualquer característica citada, um profissional da área deve ser consultado.
Além disso, o Ministério da Saúde indica a mamografia como exame de rotina para mulheres entre 50 e 79 anos. O exame é uma radiografia das mamas capaz de identificar alterações suspeitas.
Liga paranaense de combate ao câncer (LPCC)
Mantenedora do Hospital Erasto Gaertner, a Liga Paranaense de Combate ao Câncer foi inaugurada em 8 de março de 12947, e é composta por quatro unidades: o próprio Hospital; o Instituto de Bioengenharia; o Centro de Projetos de Ensino e Pesquisa; e a Rede Feminina de Combate ao Câncer.
O Erasto Gaertner é uma instituição privada e filantrópica que atende cerca de 80% dos pacientes por meio do SUS. Contando com profissionais altamente capacitados, é referência em Oncologia e, atualmente, atende mais de 50.000 pacientes, realizando 2 milhões de procedimentos por ano. É o maior câncer center do sul do país.
Para doações em prol da causa, a LPCC é uma opção que vai reverter o lucro em tratamento e cuidados clínico e cirúrgico de pacientes com doenças oncológicas.