Por Alana Morzelli
Supervisão: Maíra Gioia
Fotos: Arquivo pessoal e Agência Escola UFPR
Eventos de engenharia em que estudantes de instituições de ensino superior projetam, constroem e competem com carros off-road – veículos que são projetados para serem usados fora da estrada, em terrenos de difícil acesso – essas são as competições Baja. Parece uma missão impossível, desenvolver um carro do zero é uma tarefa complexa, que exige ferramentas adequadas e máquinas da melhor qualidade. Mas para o Sagui, projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR), essa atividade é só mais um dia normal.
O projeto nasceu a partir do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em 1995, de um estudante de engenharia mecânica, que investigava as competições Baja, então recém-chegadas ao Brasil. A partir dessa pesquisa, foi criado o primeiro projeto de extensão do campus politécnico da UFPR, que hoje, com 29 anos de história, recebe estudantes de diversos cursos para participarem das competições.
A construção dos carros é feita pelos alunos, com o apoio da universidade e de patrocinadores externos, que ajudam com peças, produtos e serviços. O projeto envolve uma divisão da equipe em subsistemas técnicos e administrativos. No lado técnico, há grupos responsáveis por diferentes partes do carro, como freios, transmissão, chassi, elétrica e suspensão, além de cálculo estrutural. No administrativo, são responsáveis por áreas como recursos humanos, financeiro, marketing e gestão de conhecimento.
Samara Caetano, estudante de engenharia mecânica na UFPR, explica que a cada dois anos um novo carro é construído do zero, e a equipe busca inovações e melhorias contínuas, sendo sempre reprojetado e melhorado,
“O seu carro, digamos que perde a validade, então você tem que construir um do zero, para sempre manter a busca por inovação”, afirma.
As principais mudanças ocorrem no chassi, estrutura principal que suporta a carga do carro e conecta os seus componentes, que precisa ser refeito completamente, enquanto outros subsistemas vão sendo ajustados e aprimorados com base na competição anterior. Os únicos mecanismos não fabricados pelos estudantes são os amortecedores, os pneus e o motor, que são padronizados e comerciais.
A competição avalia desde o projeto inicial ao produto final. Durante a apresentação do carro, cada subsistema da equipe é responsável por exibir seu trabalho por meio de banners e há uma avaliação da parte de segurança, um dos aspectos principais da competição. Os avaliadores verificam se o projeto segue todo o regulamento da competição.
A parte mais empolgante, segundo Samara, são as provas dinâmicas, onde o carro é testado em diferentes aspectos como manobrabilidade, suspensão, frenagem, aceleração e tração. Além disso, há uma prova final, chamada enduro, que acontece no último dia e consiste em manter o carro rodando por quatro horas para testar sua resistência. Durante a competição, diversas equipes participam e competem em conjunto.
Além das competições, o projeto também tem o sentido formativo. Para Kenzo Fukushima, estudante de engenharia mecânica da UFPR e capitão da equipe Sagui, o projeto é uma forma de desenvolvimento pessoal, de habilidades técnicas e interpessoais e oportunidade de mercado de trabalho, além do comprometimento de equipe e a disponibilidade do grupo em evoluir pessoalmente.
“O projeto significa para mim desenvolvimento pessoal, de habilidades técnicas e interpessoais e oportunidade de mercado de trabalho. E sobre o grupo, é disponibilidade do pessoal aqui, de se evoluir pessoalmente.”, relata Kenzo.
O Sagui já conquistou mais de dois podiums e cinco prêmios 5S de organização nas competições e agora se prepara para a competição regional de 2024, que acontece em 15 de novembro em Caxias do Sul no Rio Grande do Sul.