Por Alice Lima
Supervisão: Maíra Gioia
Fotos: Alice Lima e arquivo pessoal
Pesquisa realizada no curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da instituição pode contribuir para reduzir a poluição causado pelo plástico convencional
O plástico é um dos materiais mais utilizados no mundo e está presente de forma expressiva no nosso dia a dia. Porém, por ser derivado do petróleo, o material não se degrada facilmente, causando sérios problemas no ecossistema e na saúde humana. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), anualmente são gerados cerca de 300 milhões de toneladas de lixo plástico. Pensando nisso, uma pesquisa do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) busca encontrar meios mais eficientes para a produção do bioplástico PHB, um tipo de plástico biodegradável produzido por bactérias que se nutrem do milho.
A orientadora da pesquisa, doutora em Engenharia de Processos Industriais pela Université de Technologie de Compiègne e professora titular do Departamento de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da UFPR, Luciana Vandenberghe, explica que o bioplástico pode substituir embalagens de alimentos, sacolas plásticas e até mesmo implantes médicos. O objetivo da pesquisa é baseado no conceito do resíduo zero e busca reutilizar os subprodutos das agroindústrias brasileiras para produzir materiais que gerem menos impacto no ambiente.
“O projeto nasceu com a nossa preocupação em trazer uma alternativa para a produção de bioplásticos”, afirma Luciana Vanderberghe.
Como é produzido?
Para reduzir o desperdício, o grupo trabalha com os resíduos de milho provenientes das Usinas de Etanol, que produzem o álcool combustível. Esse subproduto da agroindústria é utilizado em laboratório como fonte de nutrientes para o crescimento das bactérias que produzem o PHB. A produção começa com o milho, que é triturado e hidrolisado em um processo de quebra de partículas de amido em açúcar. O grão que agora está rico em açúcares, recebe outros nutrientes para que as bactérias possam se reproduzir. Essas bactérias, ao se multiplicarem em condições de crescimento específicas, produzem dentro das células o material chamado PHB, que é um biopolímero. Esse material é então extraído das bactérias, purificado e transformado em bioplástico.
Acompanhe esse processo no esquema abaixo:
A pesquisa é realizada com a participação de duas pós-graduandas, ambas formadas em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia pela UFPR: a doutoranda Ariane Fátima Murawski de Mello e a mestranda Clara Matte Borges Machado. As pesquisadoras são também responsáveis por estudos paralelos à produção do bioplástico para buscar a maior eficiência dos resultados, como o estudo da extração do PHB e a pesquisa sobre como as bactérias se comportam com outros substratos além do milho.
Bioplásticos x Plástico Convencional
“Depende do local e das condições climáticas, estudos já mostraram que no solo o PHB pode se degradar em menos de quatro meses […]. Em ambientes marítimos também já foi comprovado a degradabilidade dele, a gente não quer que ele seja depositado no mar, mas se acontecer ele pode ser degradável”, afirma.