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Qual o perfil das corredoras de rua de Curitiba e seus principais obstáculos?

Por Bruna Alvares
Edição: Alice Lima

Da saúde ao lazer, a corrida de rua pode proporcionar inúmeros benefícios para quem pratica – e também traz desafios ou obstáculos, como possíveis lesões, e questões de segurança. Em Curitiba (PR), pesquisadoras do Departamento de Prevenção e Reabilitação em Fisioterapia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão desenvolvendo um projeto de pesquisa para avaliar o perfil das corredoras de rua da cidade, que propõe a construção de políticas públicas para o esporte feminino.

A pesquisa com as corredoras busca investigar as lesões musculoesqueléticas, que são as que ocorrem nos músculos, nervos, articulações, cartilagens, discos da coluna vertebral, entre outras possibilidades – e têm como principal sinal a dor – comuns entre essas mulheres e identificar como elas são afetadas. A partir disso, vai ser possível ter informações para basear a prescrição de exercícios por profissionais da Educação Física e da Fisioterapia.

Outro objetivo do estudo é preencher uma lacuna na literatura científica sobre lesões em mulheres e sobre as barreiras e condições socioambientais as quais estão expostas ao praticarem esse esporte, como situações de assédio e gestão de tempo, por exemplo.

O projeto é coordenado pelas professoras doutoras Ana Carolina Brandt de Macedo e Talita Gianello Gnoato Zotz, com colaboração da mestranda Gessica Santin, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFPR, do mestrando Marcus Cabral, do Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e de um grupo de alunas da graduação em Fisioterapia da UFPR: Mariana Malinoski, Thaynara Lopes e Rayssa da Silva.

 

“Considerando a realidade da mulher que trabalha, cuida dos filhos, pais, casa e ainda precisa dispor de tempo para fazer alguma atividade física, será que a prática da corrida de rua por mulheres é realmente acessível e segura?”, questiona a pesquisadora Talita Zotz.

 

 

Como funciona o projeto e primeiros resultados

O projeto se desdobra em duas etapas. Na primeira, as mulheres respondem às perguntas que envolvem a corrida de rua: se já tiveram alguma lesão decorrente dessa atividade, qual a infraestrutura dos espaços públicos próximos à moradia para a prática e se já sofreram algum tipo de abuso enquanto corriam.

Até o momento, 161 respostas foram obtidas e alguns dados chamam a atenção, como o fato de 57% das respondentes afirmarem já ter sido vítimas de algum tipo de assédio. Desse total:

  • 33% contam que já receberam comentários indesejados – “cantadas”;
  • 29% relatam olhares insistentes;
  • 20% ouviram comentários de cunho sexual;
  • 8% foram seguidas;
  • 7% foram vítimas de assalto;
  • 3% receberam gestos obscenos;
  • 3% sofreram algum tipo de violência física durante a corrida;
  • 2% foram fotografadas sem autorização;
  • 2% relatam que “passaram a mão em seu corpo”;
  • 1% já tiveram partes íntimas exibidas para elas.

Já na segunda fase, que inicia em agosto deste ano, as participantes são convidadas a passar pela avaliação físico funcional, presencialmente, no Departamento de Prevenção e Reabilitação em Fisioterapia da UFPR.

Inscrições

As inscrições vão até dezembro de 2023 e, para participar da pesquisa, as mulheres devem ter no mínimo 18 anos, praticar a atividade há, pelo menos, dois anos e ter participado de, no mínimo, uma corrida de rua nas modalidades 5, 10 ou 21 quilômetros de distância nos anos de 2022 e 2023.

Inscreva-se aqui.

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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