Pessoas sensibilizadas pela pandemia podem procurar na biblioterapia uma alternativa de resolução de conflitos #AgenciaEscolaUFPR
Sob supervisão de Chirlei Kohls
Em tempos de isolamento social, a leitura pode se destacar como uma ferramenta para o aprendizado e o entretenimento, além de propiciar serenidade e equilíbrio. Reforçando isso, a professora Anna Beatriz da Silveira, do Departamento de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), dá algumas dicas de como encontrar na literatura uma forma de driblar as adversidades. Além disso, confira abaixo atividades literárias que a UFPR disponibiliza gratuitamente para a comunidade, como livros e um webclube de leitura. De 1º a 8 de julho, a Editora UFPR também participará da 1ª Feira Virtual da Abeu (Associação Brasileira das Editoras Universitárias).
Para quem busca na leitura um amparo psicológico, a biblioterapia pode ser uma alternativa interessante. Esse método vê na leitura uma forma de responder a angústias e inquietações dos leitores, buscando um trabalho terapêutico através da leitura reflexiva. Pessoas sensibilizadas pela pandemia podem procurar na biblioterapia uma alternativa de resolução de conflitos, sejam eles internos ou externos.
“Considerando o simples prazer da leitura, ao buscar um texto inicialmente como entretenimento, o encantamento da ficção traz mais emoções através do contato com a linguagem poética. Se a pessoa lê sempre romances, pode investir num texto dramático, lendo uma peça teatral, ou um livro de poemas, para variar”, afirma a professora Anna.
“Se não tem hábito de ler narrativas longas, os quadrinhos, mangás e graphic novels são perfeitos e igualmente enriquecem nossa experiência cultural. Não pense que são voltados para o público infantil, adolescente ou de jovens adultos. Existem muitas produções para adultos, com temas críticos e reflexivos”, acrescenta.
Segundo Anna, é preciso tomar cuidado na escolha do texto. O primeiro passo para encontrar o seu tipo de leitura é avaliar seu estado emocional, considerando gênero favorito, mas se permitindo também conhecer novos autores e textos diferentes do que normalmente seriam lidos. “‘A peste’, de Camus, pode não agradar uma pessoa que está mais sensibilizada pelas notícias da pandemia. Se o tema agradar, melhor ler ‘O amor nos tempos do cólera’, de Gabriel García Márquez, por exemplo”.
Para a professora, esse período atípico é uma oportunidade de dedicação a outros saberes que muitas vezes são encobertos pelo cotidiano intenso. Com o auxílio de ferramentas digitais, ler não pode ser entendido como algo restrito a textos impressos. As mídias digitais ampliaram as possibilidades de circulação de produções. É possível adquirir um livro no conforto de sua casa, sem precisar quebrar o isolamento social.
Materiais e feira online
Desde a suspensão das atividades acadêmicas, a UFPR vem disponibilizando conteúdos online para a comunidade. A maior parte do material faz parte do próprio acervo da Universidade. A Editora UFPR possui 32 livros gratuitos em seu acervo, que podem ser acessados neste link. Os títulos tratam sobre Sociologia, Medicina, Biologia, História, entre outros assuntos. A editora retomou as vendas online neste mês.
De 1º a 8 de julho, a editora também irá participar da 1ª Feira Virtual da Abeu (Associação Brasileira das Editoras Universitárias), oferecendo descontos nos livros publicados, bem como promovendo lives e debates de lançamentos. Os títulos e descontos serão publicados no site do evento.
O Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR (MAE) também está compartilhando seu conteúdo com a comunidade. As publicações de caráter didático destinam-se a estudantes e professores da rede de ensino fundamental e médio. As publicações acadêmicas abrangem o acervo, as pesquisas, as exposições e obras temáticas de interesse para os trabalhos do museu. Os catálogos podem ter caráter didático e interesse acadêmico. Tudo isso pode ser acessado no site do museu.
Além disso, professoras da UFPR desenvolveram um livro de passatempos sobre as mulheres cientistas na luta contra o novo coronavírus. As atividades envolvem caça-palavras, desenhos para colorir e palavras-cruzadas que versam sobre a doença e destacam a participação e o protagonismo das mulheres no combate ao vírus.
Webclube de leitura
Para aproximar os apaixonados por literatura durante o período de distanciamento social, o Centro Acadêmico de Letras (CAL) da UFPR criou um webclube de leitura, o Enegrecendo as Letras. O grupo busca estimular o debate literário, bem como a apreciação estética, a sensibilização e a reflexão das obras estudadas.
A participação é gratuita e aberta ao público e cada encontro garante um certificado, que conta para horas formativas na Universidade. As reuniões acontecem quinzenalmente e duram cerca de duas horas. Para saber mais sobre como participar, as datas, os livros e os links para as salas de bate-papo, visite o Instagram e o Facebook do Centro Acadêmico de Letras.
Como o próprio nome sugere, o Enegrecendo as Letras procura utilizar as obras de autoras e autores negros. O webclube está sendo pensado e organizado por mulheres, a maioria delas negras. Para Laís Mattuella, estudante de licenciatura em Letras-Inglês e integrante da gestão do Centro Acadêmico, o currículo brasileiro ainda tem muito a incorporar da literatura afrobrasileira. “Embora sejamos um país majoritariamente negro, nosso cânone literário é predominantemente branco – e, muitas vezes, racista”.
Ao final de cada encontro, o grupo decide coletivamente a leitura que será debatida na próxima reunião. Entre as obras já discutidas estão Olhos d’Água (2014), de Conceição Evaristo, e Quarto de Despejo (1960), de Carolina Maria de Jesus. A última leitura foi Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. O próximo encontro não tem data marcada, mas será divulgado nas redes sociais do Centro Acadêmico de Letras.
Benefícios da escrita
Assim como a leitura, a escrita pode ser muito benéfica neste momento de isolamento. Escrever memórias ou impressões do cotidiano pode ser uma forma de ressignificar o momento pessoal. Essa prática permite a reflexão acerca dos elementos que compõem a realidade subjetiva. “Quem escreve busca a si mesmo para, então, inscrever-se na escrita”, explica a professora da UFPR.
Para os interessados por contos, estão abertas as inscrições do II Concurso Literário Luci Collin. Os alunos de graduação e pós-graduação da UFPR podem submeter seus textos até o dia 1º de julho. Para saber mais sobre o concurso, clique aqui.