Por Priscila Murr
Fotos: Agência Escola UFPR
Supervisão: Maíra Gioia
Iniciativa do NAPI Paraná Faz Ciência enumera 51 espaços de popularização da ciência, com contribuição de 19 autores
A ciência é coletiva. É isto que o livro “Espaços de Divulgação Científica do Estado do Paraná” busca frisar. Lançado durante a cerimônia de abertura do I Encontro Paranaense de Museus Universitários, no Paraná Faz Ciência 2024, a obra reúne esforços conjunto de pesquisadores e instituições de ensino superior do estado, sob coordenação do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Paraná Faz Ciência (PrFC).
Parte de uma estratégia de popularização da ciência, o guia apresenta uma vasta gama de espaços dedicados à divulgação científica, organizado para facilitar o acesso às informações sobre cada local, incluindo detalhes sobre localização, horários de funcionamento, público-alvo e atividades oferecidas.
Presentes na solenidade de apresentação do guia à sociedade, os professores articuladores do Napi, Débora Sant’Ana, da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Rodrigo Reis, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) dão destaque ao caráter colaborativo da produção.
“Esse guia é um produto do NAPI, realizado através de parcerias. Há uma equipe de autores que trabalharam neste material, e os financiadores viabilizaram recursos para que diversos bolsistas compusessem nossa equipe, trazendo esse resultado que apresentamos agora, cumprindo com nosso objetivo de trazer a comunidade para mais perto da ciência e da tecnologia”, aponta a professora da UEM.
Já o docente da UFPR argumenta que todo o processo envolvendo essa elaboração passa por uma série de articulações, tal qual a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência.
“Já são 245 clubes. Os primeiros 200 têm recursos diretos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária; e mais 45 que são viabilizados a partir de um edital, que acabamos de ganhar, do Programa Mais Ciência na Escola. E a ideia é fomentar essa investigação científica já na escola, na educação básica”.
O livro aponta para a diversidade geográfica dos espaços de divulgação científica presentes no Paraná, mostrando de que forma a ciência pode ser acessível e relevante em diferentes contextos regionais. Além da listagem destacando as particularidades e contribuições de 51 espaços mapeados em várias regiões do estado, os capítulos iniciais trazem conceitos fundamentais sobre museus e centros de ciência.
Para situar o leitor sobre a forma como a visitação a museus, centros de ciência, planetários, jardins botânicos, herbários, parques, reservas naturais, zoológicos e aquários pode contribuir para a formação de uma cultura científica, a organização do livro enfatiza, também, ações itinerantes que levam a ciência a comunidades mais distantes, ampliando, por exemplo, as atividades de extensão universitária.
A partir da necessidade de alimentar o site do NAPI Paraná Faz Ciência, surgiu a ideia de uma elaboração que demarcasse os espaços de divulgação científica, apresentando a temática de maneira a inspirar os jovens a seguir carreira, bem como aumentar sua participação em atividades científicas educacionais e profissionais.
“O guia é baseado na seguinte proposta: você vai acumulando capital científico ao longo do livro. Então, é uma família que começa visitando os museus, vai passando por todos os espaços e chega, ao final do livro, com um repertório maior. E essa ideia de capital está alinhada com a minha tese de doutorado, com base na resposta a uma questão sobre a relação entre consumo e aumento de capital científico”, conta o Pós-doutorando da UFPR e um dos organizadores do livro, Jailson Pacheco.
Essencial para educadores, estudantes, pesquisadores e todos os interessados em conhecer os espaços destinados à divulgação científica no estado do Paraná, o guia, que estará disponível em breve, no site do Paraná Faz Ciência, em formato digital, não apenas facilita o planejamento de visitações, mas incentiva a maior participação da sociedade em atividades científicas e culturais.
Tanto a produção quanto a publicação do guia foram financiadas pela Fundação Araucária e pela Seti. A apresentação da obra foi elaborada pelo professor Ramiro Wahrhaftig, presidente da Fundação Araucária, já o prefácio foi escrito pelo professor Aldo Nelson Bona, secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná.
No total, o guia conta com 19 autores: Ana Paula Machado Velho, Ana Paula Vidotti, Débora de Mello Gonçales Sant’Ana, Dhiego Cunha da Silva, Edinalva Oliveira, Emerson Joucoski, Fernanda Aparecida Meglhioratt, Giselle Christina Corrêa, Jailson Rodrigo Pacheco, Letícia Silva Oliveira Matos, Lívia Godinho Temponi, Lucken Bueno Lucas, Marcelo Valério, Mariana Aparecida Bologna Soares de Andrade, Priscila Caroza Frasson Costa, Rodrigo Arantes Reis, Rodrigo de Souza Poletto, Renê Wagner Ramos, Rosislene de Fatima Fontana. As ilustrações são de Guille Cordeiro e diagramação de Pedro Curcel.
Além do guia de “Espaços de Divulgação Científica do Estado do Paraná”, o livro “Patrimônio Têxtil e Vestuário: um olhar para os acervos de moda nos Museus”, de Ronaldo Vasques, foi apresentado ao público. Promovendo uma verdadeira imersão no universo dos vestuários e moda presentes em museus, a obra é fruto de uma pesquisa acadêmica realizada em Portugal e no Brasil.
Clubes de Ciências
Os Clubes de Ciências são uma iniciativa do Napi PrFC e incluem instituições de ensino superior tanto de natureza Federal quanto Estadual.
O programa foi lançado em meados em 2024, quando 200 escolas públicas paranaenses começaram a compor os clubes, por meio da cooperação com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR) e a Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA).
Paralelamente, uma chamada pública nacional oportunizou mais 45 vagas. Contemplado com essas vagas, o Napi PrFC agrega, hoje, 245 Clubes de Ciências.
A bióloga participante desse Napi, Edinalva Oliveira, atua nos clubes desde o início. Ela aponta que, ao longo dos meses, o protagonismo dos estudantes que participam dos encontros demonstra o sucesso da iniciativa.
“Nós precisamos de pessoas com competência e com habilidades. E isso só se adquire na prática. Os Clubes de Ciências têm toda potencialidade pra isso, oportunizando o preparo do indivíduo para os desafios da sociedade”, garante.
Edinalva fala, ainda, que a sociedade é feita de “sujeitos de compartilham saberes, desafios e sucessos. E ninguém obtém sucesso se não tiver enfrentado desafios”. A professora acredita que, além do desenvolvimento cognitivo, um dos maiores legados dos Clubes de Ciências é justamente o desenvolvimento emocional.