Por Rodrigo Matana
Edição: Priscila Murr
Fotos: Giovani Sella
O encontro reuniu diversas autoridades e definiu as prioridades do MCTI a curto, médio e longo prazos
Depois de quatorze anos em stand by, o Brasil realiza a 5ª edição da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI). Entre os dias 14 e 16 de março, a capital do Rio de Janeiro foi palco da Conferência Temática “Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social”, que evidenciou os eixos que devem basear a reunião principal.
O evento reuniu entes da sociedade civil, comunidade científica e governo para debater as prioridades da pasta. Juana Nunes, diretora de Popularização da Ciência, Tecnologia e Educação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), destaca a importância histórica desse acontecimento: “a gente retoma uma trajetória de 20 anos atrás”.
Ainda de acordo com a diretora, a pluralidade é essencial para o fortalecimento da cultura científica no país, que envolve, entre outros grupos, educadores museais, dirigentes de museus e centros de ciência, professores da educação básica, divulgadores científicos e jovens que trabalham na iniciação científica.
“Nós temos uma imensa rede de atores que atuam na popularização da ciência, na educação científica”, destaca.
CT&I para o desenvolvimento social
Na visão de Inácio Arruda, secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do MCTI, a participação popular e o incentivo à educação científica devem andar juntas, contribuindo na elaboração do programa do Ministério da Ciência para os próximos anos.
“Nós temos que reunir uma forte delegação de lideranças populares, das tecnologias sociais, mas, ao mesmo tempo, um forte grupo de pessoas ligadas à popularização da ciência e à educação científica”, enfatiza.
Durante os painéis da conferência temática, tanto os acadêmicos quanto a comunidade discutiram temas como: popularização do conhecimento científico, economia solidária e meios para tornar a ciência mais acessível às pessoas com deficiência.
“Temos que examinar qual é o programa que atende a necessidade da nação brasileira”, afirma Arruda. Na plenária final, os integrantes da mesa abriram espaço para que participantes de todas as regiões do Brasil levantassem pontos e críticas no que diz respeito às prioridades da nova estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI), para os anos de 2024 a 2030.
Ciência brasileira e seus desafios
Apesar da falta de investimentos, a comunidade científica brasileira mostra resiliência. De acordo com a Universidade Stanford, o país tem mais de 1.200 pesquisadores na lista dos cientistas de impacto no mundo.
Mesmo assim, os desafios enfrentados pela ciência nacional nos últimos anos estiveram além da alçada dos pesquisadores e pesquisadoras. “Houve um ataque à educação, à produção científica, e à arte e cultura, aos saberes populares”, ressalta o secretário do MCTI.
“A gente sempre imaginou que essa página estava virada, mas não está. A gente tem que ficar sempre muito atento para defender a democracia, porque é a democracia que permite a Conferência”, garante.
Para Juana Nunes, na nova gestão da ciência nacional, os princípios norteadores continuam os mesmos: fortalecer a base da educação pública brasileira. “O desafio de melhorar a educação básica, de melhorar a formação dos professores, para promover uma educação científica de qualidade nas escolas – e isso impacta na qualidade da educação pública – deve estar dentro da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação”.
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação
Mais uma etapa da Conferência Nacional de Ciência Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI) deve acontecer entre os dias 4 a 6 de junho. Nesse momento, dois grandes objetivos são lançados: primeiro, analisar os resultados da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI) 2016-2023 e, a partir daí, em segundo lugar, vem a elaboração dos programas e planos para a ENCTI 2024-2030.
Esse encontro deve acontecer em Brasília (DF), com a presença de entes da sociedade civil, governo, instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa, setor empresarial, organizações não governamentais, associações e entidades de classe.
No âmbito regional, as Conferências do Paraná e da Regional Sul devem acontecer na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), respectivamente, de 3 a 4 de abril e de 25 a 26 abril, com a participação de estudantes, professores, pesquisadores, segmento produtivo empresarial e terceiro setor.
Essa mobilização acontece por meio de conferências temáticas, que devem elencar as prioridades nas áreas de ciência e tecnologia em cada parte do território brasileiro.