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Arte e ciência: para que mais museus?

O Bate Pop AE Ciência em Play recebeu convidados para debater sobre a função do museu e a maneira como a interação entre a sociedade e o espaço cultural-científico se concretiza e se transforma com o tempo

 

Por Murilo Ferreira

Foto: Agência Escola     

Supervisão: Maíra Gioia

 

Um museu é definido pelo Conselho Internacional de Museus como uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade, que se dedica à pesquisa, coleção e exposição de patrimônio material e imaterial. Tais instituições comunicam de forma ética e, com o envolvimento da comunidade, oferecem diversas experiências de educação, reflexão e compartilhamento de conhecimento.

Bastidores da gravação do 11o episódio do Bate-pop. Foto: Agência Escola UFPR

O 11o episódio do Bate Pop AE Ciência em Play recebeu convidados para debater, justamente, sobre a função do museu e a maneira como a interação entre a sociedade e o espaço cultural-científico se concretiza e se transforma com o tempo. O episódio contou com a mediação da graduanda em Jornalismo e bolsista da Agência Escola UFPR Cecília Comin e da advogada e publicitária Marcelle Cortiano, que atualmente é reponsável pelo Museu de Arte (MusA), e teve a participação da pesquisadora e produtora cultural Carolina Loch, que é diretora de implantação do novo Museu Internacional de Arte em Foz do Iguaço, o Centre Pompidou Paraná, projeto da Secretaria da Cultura do Governo do Paraná com o Centre Pompidou (França), e do professor Rodrigo Reis, do Setor de Ciências Biológicas da UFPR, articulador do Napi Paraná Faz Ciência e coordenador geral do PICEE e do programa LabMóvel.

Carolina Loch destacou o projeto de implantação do novo Museu Internacional de Arte Foz do Iguaçu, o Centro Pompidou Paraná, que tem como objetivo a descentralização dos espaços culturais, hoje muito concentrados em Curitiba. A parceria com o Centre Pompidou de Paris não se resume a uma importação de conhecimento, mas sim a um intercâmbio, visando incorporar a expertise internacional sem deixar a produção brasileira.

Loch também abordou o desafio de tornar o museu mais acessível, buscando um equilíbrio entre facilitar o acesso e a compreensão das obras e, ao mesmo tempo, respeitar o processo das artes visuais de modo a mostra “que a arte não é pegar um quadro e um pincel”.

O professor Rodrigo Reis, biólogo de formação, trouxe a perspectiva dos museus de ciência. Ele destacou a reinauguração, em outubro de 2025, do Museu de Ciências Naturais (MCN) no andar térreo do Setor de Ciências Biológicas. A reabertura celebra os 30 anos de atividades do Museu, que é uma instituição pioneira e consolidada como referência nas áreas de Ciências Biológicas e História Natural do Paraná. A reestrutuação pretende, justamente, fortalecer a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, aproximando a ciência da sociedade.

 

Equipe de mediadoras e convidados do 11o Bate-pop. Foto: Agência Escola/UFPR

A interação entre ciência e arte foi um dos pontos de destaque na conversa sobre museus. Rodrigo Reis mencionou que essa interface é possível e potente, oferecendo uma experiência multissensorial ao visitante, que vai além do mero acesso ao conteúdo. Ele também ressaltou a importância da formação de público, dado que o acesso a museus no Brasil ainda é muito desigual. Para Reis, “a divulgação da ciência precisa estar na educação básica, que é o seu espaço natural, mas, para além disso, também é necessário trabalhar com a população como um todo”.

Os museus universitários, como os três existentes na UFPR (Museu de Arqueologia e Etnologia – MAE, Museu de Arte – MuSA, e Museu de Ciências Naturais – MCN) , representam uma parcela expressiva do universo de museus no Brasil. O professor Rodrigo Reis considera que o museu é um dos espaços que melhor representa a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão dentro da universidade.

 

Equipe de produção com as mediadoras e os convidados do 11o episódio do Bate-pop. Foto: Agência Escola/UFPR

Marcelle Cortiano contribuiu com a discussão sobre a formação de equipes nos museus. Ela destacou que a carência de pessoal capacitado é um desafio recorrente e que as vagas específicas (como para museólogos ou restauradores) dependem de concursos específicos.

O debate também abordou a espetacularização das exposições e a dificuldade de consolidar a produção artística como um fazer científico, reforçando a missão da divulgação científica em desmistificar a relação de intimidação que parte do público nutre em relação aos museus e aos espaços universitários. A conversa ainda levantou a importância da tecnologia para a experiência do visitante, desde que o foco não se restrinja ao mero “fetiche tecnológico”.

Assista ao Bate-Pop AE #11

Confira o episódio completo e todas as discussões trazidas no 11º episódio do Bate-Pop AE:

 

 

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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