Por Alice Lima
Supervisão: Maíra Gioia
Fotos: Elisabete Tassi e arquivo pessoal
Projeto premiado internacionalmente foi desenvolvido por graduandos do curso de Arquitetura e Urbanismo
O Hotel Tassi, prédio histórico localizado na Rua Barão do Rio Branco, centro de Curitiba, pode ser revitalizado a partir de projeto desenvolvido por graduandos de Arquitetura e Urbanismo da UFPR. Amanda Hashimoto e Guilherme Pinheiro utilizaram o aerogel, polímero com diversas propriedades, como principal material para viabilizar a nova modelagem do local. O projeto elaborado ficou em primeiro lugar no concurso internacional Aerogel Architecture Award 2024.
Segundo Guilherme, coautor do modelo, o edifício tombado sofreu um incêndio em 1990 e está atualmente em estado de abandono. A ideia desenvolvida consiste em criar um modelo de madeira laminada cruzada (CLT), material altamente resistente, chamado de “concreto do futuro” dentro da estrutura fragilizada e transformá-la em um museu sobre prédios antigos de Curitiba. Com esse objetivo, o aerogel entra como ferramenta valiosa que garante o isolamento térmico da construção sem modificar a aparência histórica do local. A modelagem da estrutura atual do hotel foi disponibilizada por Henrique Steffens, ex-aluno do curso.
“Alguns alunos já tinham a planta do edifício como ele está atualmente. Nosso papel foi fazer a modelagem do novo modelo por cima”, Guilherme Pinheiros.
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Mas afinal, o que é aerogel?
O Aerogel é um material sólido e extremamente leve, composto por 99% de ar. Apesar de leve, é resistente e possui alta capacidade de absorção de líquidos. O material também atua como isolante térmico e acústico. Para além das suas propriedades, o aerogel pode ser utilizado em diferentes formatos, como em grânulos, reboco ou até mesmo em placas.
“Ele é um material muito versátil, no nosso projeto quisemos explorar as propriedades do aerogel”, Amanda Hashimoto.
A motivação para a dupla estudar o material surgiu a partir do concurso proposto pelo Empa, Laboratório de Ciências Materiais e Tecnologia, com sede na Suíça. Os alunos venceram a premiação Aerogel Architecture Award 2024 na categoria “Estudantes”, e levaram um prêmio de 1.500 francos suíços.
Para a coautora Amanda, o diferencial do projeto foi o uso do aerogel para formar uma fachada ventilada, uma vez que as janelas originais foram destruídas no incêndio. O uso do material melhora a eficiência térmica, permitindo a passagem do vapor, o que impede acúmulo de umidade nas câmaras de ar e evita problemas estruturais futuros.
Confira algumas imagens do projeto:
Questionados se pretendem continuar usando o aerogel em novos projetos, os graduandos mencionaram que o material inovador ainda é pouco usado no Brasil. Em outros países, onde há invernos rigorosos, ele é mais conhecido pela sua poderosa propriedade de isolante térmico.
Diante das características do material e do cenário de emergências climáticas no Brasil, esse projeto revela que o aerogel pode ser uma ferramenta interessante para a adaptação das estruturas à variação extremas de temperatura, o que representa um avanço até mesmo para a área de pesquisa em questão.