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Investigação criminal: aonde o jornalismo e a ciência se encontram

Por Camila Calaudiano 

Fotos: Marina Pinheiro Rocha e reproduções 

Supervisão: Maíra Gioia 

 

O sexto episódio do Bate-Pop AE aborda a ciência como base para a investigação criminal e para o jornalismo

 

O true crime é um gênero de entretenimento, que mistura elementos literários com traços documentais ao explorar, minuciosamente, as nuances de crimes reais. Neste subgênero da categoria “séries documentais”, a narrativa e a análise dos crimes requerem uma riqueza de detalhes sobre o ocorrido, que atribuem ao espectador o papel de participante da investigação, decifrando pistas e solucionando o mistério. Atualmente, o modelo conta com diversos tipos de produções, como filmes, documentários, séries, reportagens e podcasts. 

No sexto episódio do vodcast Bate-Pop AE, os convidados foram a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutora em Genética de Microrganismos Patrícia Dalzotto e o premiado jornalista investigativo Mauri König. Eles refletiram sobre a ciência como base para as investigações criminais, seja a partir do cunho do jornalístico informativo ou do entretenimento.

 

Foto: Marina Pinheiro Rocha

A curiosidade pelo grotesco nunca esteve restrita a filmes de ação, terror, mistério ou ficção. No Brasil, o interesse por tragédias é incitado já nos anos de 1990, com programas de investigação como o “Linha Direta”, mas o formato tomou maiores proporções com o advento da internet e o do streaming.

Segundo uma pesquisa feita pela Parrot Analytics, a veiculação de séries documentais aumentou mais de 63% entre 2018 e 2021. De acordo com os dados levantados, o true crime é um dos subgêneros que mais cresceu nos últimos anos. Exemplos do sucesso dessa categoria são as séries produzidas pela plataforma de streaming Netflix, como “Dahmer: um canibal americano”, que alcançou recordes de reprodução já na primeira semana de lançamento. E pela plataforma Globoplay, com séries sobre casos que chocaram o Brasil, como “Flordelis”, “Em Nome de Deus” e o “Caso Evandro”. 

 

Foto: Marina Pinheiro Rocha

Em investigações criminais, tal qual a forense, os “mistérios a serem revelados” estão além da resolução de um caso, pois buscam a efetividade da prática científica para o embasamento de provas e a confirmação ou negativa de suposições. Algo que se aproxima da prática jornalística pelo método, mas se distancia pela finalidade, como apontou Mauri König.

 

“[A investigação forense] tem uma finalidade científica porque é uma prova que vai estar circulando nos autos de algum processo. Então, tem uma finalidade de embasar uma decisão jurídica futura […] já no trabalho jornalístico a finalidade primeira é tornar público, levar para as pessoas as informações”, afirmou durante o vodcast Bate-Pop AE. 

 

Foto: reprodução internet

 

Apesar do grande potencial de contribuição para investigações, a ciência forense é uma área ainda pouco explorada no campo da pesquisa. Segundo Patrícia, os estudos na esfera da microbiologia forense são recentes e tiveram origem com o atentado às torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001. A pesquisadora, que estuda e analisa, desde 2021, os fungos presentes em cadáveres para identificação do tempo de morte de vítimas, também fala sobre a dificuldade que encontra ao desbravar esse campo da biologia.

 

 “Até a gente fez uma revisão bibliográfica, eu orientei um aluno de biologia, e nos últimos 30 anos, se a gente tinha lá 30 artigos [sobre o tema] era muita coisa. […] Não tem bibliografia, você tem meio que inventar [criar] as coisas porque você não tem um protocolo para seguir”, afirmou durante o vodcast Bate-Pop AE. 

 

Foto: reprodução internet

 

Diante dessa falta de incentivo às investigações forenses, a UFPR inaugurou, em 2020, o Centro de Ciências Forense da UFPR (CCF), um local integralmente dedicado a pesquisas nessa área. O Centro foi criado por iniciativa do Setor de Ciências Exatas da Universidade e estabelece parcerias com a Polícia Científica do Paraná e com a Polícia Federal. Além de reunir os trabalhos realizados no Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL), do Departamento de Informática; da Central Analítica do Departamento de Química (CA-DQUI); e do Laboratório de Análises de Minerais e Rochas (LAMIR), do Departamento de Geologia. O CCF se dedica aos estudos direcionados para identificação de substâncias ilícitas, análises ambientais, investigação de ataques cibernéticos e de microvestígios em cenas de crimes.  

A proximidade entre os campos é inegável, seja pelas características básicas de desenvolvimento, seja pela curiosidade que despertam. Jornalismo e investigação criminal caminham muito próximos, sobretudo no imaginário coletivo. E é exatamente disso que trata o novo episódio do Bate-Pop AE. Vem dar o play! 

Assista ao Bate-Pop AE #06

Confira o episódio completo e todas as discussões trazidas por esses especialistas no 6º episódio do Bate-Pop AE:

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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