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Democracia e combate à desinformação: atravessamentos entre a universidade pública e o jornalismo independente

Por Gustavo Beghetto Dias 

Fotos: Marina Rocha/Agência Escola UFPR 

Supervisão: Maíra Gioia

 

Maiores produtoras de ciência no Brasil, as universidades públicas são extremamente importantes para o desenvolvimento da sociedade em muitas áreas. Apesar disso, nos últimos anos estas instituições têm sofrido com ataques pela divulgação de informações falsas ou sensacionalistas sobre sua atuação, e também com o corte de verbas e subfinanciamento por gestões passadas e atuais do Governo Federal e dos Governos Estaduais.

Equipe da Agência Escola durante a gravação do Bate-Pop. Foto: Marina Rocha

No 8º episódio do Bate-Pop AE, o reitor recém-empossado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcos Sunye, e a jornalista e co-fundadora do Jornal Plural, Rosiane de Freitas, discutem a imagem das universidades públicas sob o olhar da mídia e da população, comentam as dificuldades enfrentadas pela educação pública no Brasil e discutem sobre o papel do jornalismo e do ensino como promotores de justiça social e outros benefícios na sociedade.

O papo também permeou questões como proteção de dados públicos e desafios do jornalismo independente. Antes de ser reitor, Sunye foi professor no curso de Ciência da Computação, diretor do Setor de Exatas e fundou o C3SL (Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR), enquanto o Plural, co-fundado por Rosiane e outros dois jornalistas por uma campanha de financiamento coletivo, é o maior jornal independente do Paraná.

 

Rankings

Nos últimos anos a UFPR aparece em boas colocações em rankings de avaliação de universidades feitos por diferentes instituições, tendo conquistado, por exemplo, o título de melhor Universidade do Paraná e 5ª melhor Federal do Brasil, segundo o “QS World University Rankings (2024)”. Apesar disso, o reitor Marcos Sunye se mantém cético em relação a este tipo de avaliação.

 

“O levantamento dos dados que constituem rankings universitários é uma tentativa de se quantificar muita coisa que é qualitativa, em que se acaba perdendo um pouco o sentido […]. Não dá para pensar a política universitária se baseando em rankings […] eles não apontam os problemas específicos de cada setor da instituição”, explica.

 

Bolsista de Pós-graduação Priscila Murr e graduando de Jornalismo Rodrigo Matana (à esquerda) junto com reitor Marcos Sunye, jornalista Rosiane de Freitas e professora Regiane Ribeiro, coordenadora da Agência Escola UFPR. Foto: Marina Rocha

 

Evasão

Se por um lado a Universidade vai bem na maioria dos rankings de avaliação do Ensino Superior, por outro enfrenta uma alta de um problema grave: a evasão universitária. Em 2023 o número de estudantes evadidos bateu recorde com cerca de 6.000 registros, segundo dados citados pelo atual reitor, mais que o dobro da média anual durante a década passada.

Sunye ressaltou que para lidar com este problema, é importante que a Universidade comece a ser pensada do ponto de vista do estudante. Ele citou a tese de doutorado em Educação da técnica e pedagoga Eliane Felisbino, que estudou a evasão sob a ótica de estudantes evadidos, e apontou que o fenômeno possui causa multifatorial.

 

“O problema da evasão é reconhecidamente multifatorial e complexo. É difícil de diagnosticar e quantificar, e por isso é difícil definir políticas de prevenção […]. A Universidade tem muito um olhar do professor, cada colegiado de curso é formado por 70% de docentes […]. Esses dados terríveis da evasão são um sinal para que ela pense mais nos alunos”, alerta o reitor.

 

A imagem da Universidade Pública

Bastidores da gravação do Bate-Pop. Foto: Marina Rocha

Ao comentar os ataques à imagem das Universidades Públicas que têm acontecido nos últimos anos, Rosiane mencionou uma dificuldade por parte da população em entender o papel da educação e seus resultados. Para ela, numa sociedade cada vez mais inserida numa cultura de “marketing” e resultados, convencer as pessoas da importância do trabalho realizado dentro das instituições de ensino é uma tarefa complicada.

 

“Parte da imprensa tem culpa de demonizar a universidade pública, eles partem de um discurso de que é muito cara, e que não se consegue ver resultados práticos na sociedade […]. A educação é um trabalho a longo prazo, temos, por exemplo, o reitor que está aqui agora e é formado pela Federal, além de muitos ex-alunos em empresas importantes da cidade. São profissionais que conseguiram evoluir a partir da autonomia intelectual que ganharam dentro da Universidade. Mas tudo isso é uma ideia difícil de se vender para a sociedade”, pontua a jornalista.

 

Assista ao Bate-Pop AE #08

Confira o episódio completo e todas as discussões trazidas no 8º episódio do Bate-Pop AE:

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Sobre a Agência Escola UFPR

A Agência Escola UFPR, a AE, é um projeto criado pelo Setor de Artes, Comunicação e Design (SACOD) para conectar ciência e sociedade. Desde 2018, possui uma equipe multidisciplinar de diversas áreas, cursos e programas que colocam em prática a divulgação científica. Para apresentar aos nossos públicos as pesquisas da UFPR, produzimos conteúdos em vários formatos, como matérias, reportagens, podcasts, audiovisuais, eventos e muito mais.

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